Um bebê de um ano de idade e um doberman brincando em total harmonia. A cena, impensável para muitos pais, fez sucesso na internet. O vídeo postado no Youtube mostra a criança feliz da vida, tentando se aproximar do cachorro e rindo muito toda vez que o bicho late ou rosna. A mãe incentiva a interação entre os dois.
As imagens levantam uma questão importante: como deve ser a relação dos animais domésticos com o bebê que chega? Algumas pessoas decidem se distanciar do assunto e se desfazer dos animais. Outras agem como se não fosse haver uma mudança na casa e não chegam a se preocupar com a divisão do espaço entre animais e criança e com os cuidados que a relação exigirá. São extremos, e o melhor caminho é o do meio, segundo especialistas. “O animal deverá ser acostumado com a futura rotina, com os limites que terá com a chegada do bebê. Sem preparo, ele poderá ficar ansioso e, dependendo do temperamento, traduzir esse sentimento em agressividade contra a família e a criança. Sofrerá e correrá um risco enorme de ser doado ou abandonado”, alerta Alessandra Caprara, veterinária e consultora comportamental.
Além da profissão, ela tem bagagem para falar sobre o assunto: seus filhos, Ian, de 6 anos, e Ana Catarina, de 4, cresceram cercados por cachorros (o cachorro sem raça definida Wilber, o pastor suíço Luke, a bichón frise-yorkshire Babi – os três já falecidos – e a poodle Linda). Foi no dia a dia que a família encontrou a medida ideal de contato. “Eles levaram várias mordidinhas, justamente por explorar e perseguir os bichos, e eu tinha que afastá-los para eles entenderem que estavam machucando. Um dia o Ian foi mordido, olhou para mim e disse: ‘Ela não queria que eu mexesse nela, né?’. As crianças aprendem limites, a se desculparem, percebem que o medo pode ser bom e que os seres vivos deixam saudades porque nos fizeram felizes.” O equilíbrio, afirma Daniela Ramos, veterinária da clínica Vetmasters e doutora em comportamento animal pela Universidade de São Paulo (USP), traz benefícios para todos. “Para o cão ou o gato, um bebê é mais uma fonte de carinho. A criança, por sua vez, entende melhor conceitos como a rotina, já que os animais tem hora para comer e passear, e fica mais sociável, pois gosta de falar sobre o bichinho”, exemplifica. É assim com Bruno, 3 anos, filho da administradora de empresas Paula Iavelberg. “Quando viajamos, ele diz que está com saudades do Cacau”, conta Paula. Cacau é o poodle toy da família, dois anos mais velho que o menino. A relação entre eles foi construída naturalmente, com o cuidado inicial de não deixar o cão pular no bebê ou lamber seus brinquedos e a atenção atual com as brincadeiras de rolar no chão e fazer lutinhas. “Damos muito valor ao espaço de cada um no convívio. O Bruno aprende a respeitar, a cuidar, a expressar carinho.”
A publicitária Mariana Glomb também festeja os benefícios no crescimento de Ana Júlia, 3 anos, ao lado da lhasa apso Aika. Marina ainda revela que a menina considera a cadelinha uma irmã. “No começo, evitávamos que elas deitassem no mesmo cobertor, por exemplo, por medo de bactérias. Hoje elas ficam nos mesmos espaços, sem problemas. Algumas passagens beiraram o susto, como uma vez em que a Aika puxou a Ju, ainda bebê, do carrinho para brincar”, lembra.
Transmissão de doenças
Diferentemente do que muitos acreditam, animais domésticos não são um potencial vetor de doenças para bebês e crianças. “Com as vacinas em dia, ele não representa risco para os moradores da casa”, diz Daniela.
Diferentemente do que muitos acreditam, animais domésticos não são um potencial vetor de doenças para bebês e crianças. “Com as vacinas em dia, ele não representa risco para os moradores da casa”, diz Daniela.
Alessandra ressalta que muitas famílias temem doenças que os animais dificilmente transmitem, como a toxoplasmose. “O cão não faz parte da cadeia de transmissão e o gato é bem injustiçado. Garanto que é mais fácil pegar toxoplasmose em uma folha de alface mal lavada do que pelo gato.”
Medo de alergias e doenças respiratórias também não é desculpa para se desfazer do animal. “Não há uma contraindicação absoluta nesse sentido. Existem estudos que mostram que o contato com cães e gatos desde cedo diminui o surgimento de alergias no futuro e que até a asma tende a diminuir, por causa do ganho emocional desse relacionamento”, explica o pediatra Fábio Picchi Martins. “Havendo higiene e o bom senso de não expor as crianças a animais que possam morder ou arranhar, todos só têm a ganhar.”
Os especialistas dão dicas para facilitar o convívio entre animais e bebês. Confira:
Antes do nascimento do bebê
1. Impeça a entrada dos animais no quarto do bebê – Assim, eles não associarão a restrição de circulação pela casa à chegada do novo membro da família.
2. Habitue o cão a passear com várias pessoas – Nos primeiros meses de vida do bebê, a mãe dificilmente consegue sair com o cão. Acostumando-se com outras pessoas, o animal não se sentirá deixado de lado por causa da criança.
3. Consulte um adestrador ou um especialista em comportamento animal – Se o cão ou o gato for agressivo, suas atitudes devem ser controladas para se adequarem ao lar com uma criança pequena. Como o treinamento pode levar alguns meses, providencie-o o quanto antes.
Do nascimento até os seis meses do bebê
1. Peça para tirarem o animal da casa quando você for voltar da maternidade com o bebê – O cachorro e o gato sentem que seu território está sendo invadido se os pais surgem com um novo ser humano a quem dão muita atenção. O ideal é chegar, acomodar o bebê e só então trazer o animal de volta da casa de parentes, de amigos ou de um hotelzinho.
2. Mantenha o chão de todos os cômodos bem limpo – Cães e gatos soltam pelos (às vezes imperceptíveis) diariamente. Para que o bebê não os aspire e fique livre de alergias, é preciso passar um pano úmido no chão de toda a casa pelo menos uma vez ao dia.
3. Permita que o animal se aproxime aos poucos do bebê – E de preferência depois do terceiro mês. Deixe o cão ou o gato cheirar os pés do bebê, as mãos, a cabeça. Impeça as lambidas nesse começo, já que o boca do animal é repleta de bactérias.
A partir dos seis meses do bebê
1. Oriente a criança quanto aos excessos – Explique que cão e gato não são brinquedos e que não é legal puxar pelo rabo ou enfiar os dedos nos olhos e nas orelhas deles, pois eles podem sentir dor e atacar para se defender. Além disso, o comportamento com o bichinho de casa moldará como ela será com outros animais, com os quais é essencial ter limites.
1. Oriente a criança quanto aos excessos – Explique que cão e gato não são brinquedos e que não é legal puxar pelo rabo ou enfiar os dedos nos olhos e nas orelhas deles, pois eles podem sentir dor e atacar para se defender. Além disso, o comportamento com o bichinho de casa moldará como ela será com outros animais, com os quais é essencial ter limites.
2. Incentive a criança a se aproximar do animal – Ensine-a a dar petiscos para o cachorro e a brincar com varetas ou cordas com o gato. Todos vão se divertir!
3. Inclua o animal nas brincadeiras com o bebê – Jogar um brinquedo alternadamente para o bebê e para o cão ou o gato é uma forma simples de mostrar que todos têm atenção na casa.
4. Mantenha os potes de comida e de água do animal fora do alcance da criança – Se ela alcançar os recipientes, vai querer comer a ração e beber a água, o que não é aconselhável.
5. O animal é de toda a família – Vendo o carinho e os cuidados dos pais com o cão ou o gato, a criança agirá da mesma maneira. O exemplo é um ótimo professor.
Fonte: Alagoas 24 Horas
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