Mais um registro de maus-tratos a animais foi realizado pela equipe do Jornal da Cidade na manhã desta segunda-feira, 10. Desta vez um carroceiro, ainda não identificado pelos órgãos responsáveis de proteção aos animais, espancou um cavalo até a morte. As agressões já vinham sendo presenciadas pela população, que passava em ônibus coletivo próximo à Av. Ivo do Prado, mas o animal desmaiou e morreu próximo ao mercado municipal da capital, devido às chicotadas, murros e chutes que levou. Uma equipe da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) foi chamada para recolher o corpo do animal, que foi enterrado numa área de aterro controlado no Bairro Santa Maria.
Para a presidente da ONG de Educação e Legislação Animal (Elan), Nazaré Morais, os casos de maus-tratos e violência contra cavalos têm se tornado corriqueiros em Sergipe e sendo tratados de maneira banal pelas autoridades competentes. “Há mais ou menos um mês um garoto de nove anos, se não me falha a memória, matou uma égua e seu filhote com um facão e nenhuma providência foi tomada a esse respeito. Há um pouco mais de tempo, jegues foram arrastados e mortos, e nesses casos também nada foi feito. Agora esse outro animal foi morto de maneira cruel, à luz do dia e na frente de dezenas de pessoas, mas com certeza também ficará impune. Isso está se tornando rotina e nenhuma medida punitiva é aplicada a essas pessoas”, lamenta.
Em busca de solução para esses casos, a presidente da Elan relata que juntou uma comitiva para participar da audiência judicial contra o senhor Celso Ferreira, de 67 anos, acusado de amarrar, arrastar e matar um jegue na cidade de Graccho Cardoso. “O julgamento está marcado para quarta-feira, 12, às 10h, no fórum do município e esperamos que a justiça seja feita e que esse caso sirva de exemplo. A exploração e os maus-tratos aos animais, em especial aos cavalos, nesse caso, tem que acabar. Quem de nós nunca viu um cavalo amarrado com sede e fome? Ou carregando pesos exorbitantes? Apostando corridas e tudo mais, para depois ser abandonado ou morto de forma violenta? Está na hora de providências serem tomadas”, afirma Nazaré.
Para o delegado Paulo Ferreira, responsável pela Delegacia de Proteção ao Consumidor e Meio Ambiente (Deprocoma), um termo circunstanciado será realizado para apurar o caso, mas a ação será dificultada pela falta de identificação do tutor do animal e pelas penas brandas aplicadas a esse tipo de crime. “O crime de maus-tratos a animais é tratado como sendo de menor potencial ofensivo e, depois de aberto o termo, geralmente a justiça aceita a prisão, mas a pena é na maioria das vezes revertida à realização de trabalhos comunitários”, explica Paulo.
O delegado reconhece as falhas, mas alega que estão sendo realizados trabalhos para coibir a realização desses crimes. No entanto, fica muito complicado trabalhar contra o sistema de leis existente e com a questão cultural envolvida nesses processos. “Não posso afirmar com certeza, mas acredito que a grande quantidade desse tipo de crime seja fruto das consequências mais brandas para os agressores ou se é uma coisa cultural, o que para mim é menos provável, mas estamos fazendo a nossa parte e tentando coibir essas ocorrências”, garante o delegado.
Fonte: Jornal da Cidade
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