Por Ligia Cunha (da Redação)
Apertados em pequenas e estreitas gaiolas- as vezes vão mais de 20 em uma- até 200 mil cães vivos são transportados pelo contrabando desde o noroeste da Tailândia até o rio Mekong, com destino a restaurantes no Vietnã, conforme dados de ativistas pelos direitos dos animais. As informações são da CNN México.
Desidratados, estressados, e alguns moribundos pelo sufoco da viagem, estes animais podem ser empilhados em grupos de até mil por caminhão em viagens que duram vários dias.
“Obviamente quando os cães estão empilhados um em cima do outro começam a se morder, pois estão desconfortáveis. Qualquer movimento e o cão devolverá a mordida”, disse Tuan Bendixsen, diretor da Fundação Animals Asia do Vietnã, uma organização social sediada em Hanoi.
O sofrimento não termina quando chegam ao Vietnã. Uma crença popular diz que os hormônios liberados pelo stress e o medo podem melhorar o sabor da carne, assim os cães são colocas em caixas de stress que restringem seu movimento.
Depois, os animais são golpeados até a morte ou degolados em frente a outros que esperam o mesmo destino. Em alguns casos, são escalpelados vivos. “Os cães são animais muito inteligentes, quando se mata um cão próximo a uma caixa cheia de outros cães, os que esperam sabem o que está acontecendo”, disse Bendixen.
Segundo o grupo de direitos dos animais, os contrabandistas de cães comercializam desde cães domésticos, com pedigree até os cães vira-latas que vivem nas ruas da Tailândia – conhecidos como cães de soi – para vender no Vietnã e inclusive em lugares tão distantes como a China, onde um cão com pedigree pode alcançar um alto preço.
John Dalley, da Fundação Soi Dog com sede em Phuket, estima que 98 % dos cães estão domesticados e inclusive, alguns usan coleiras e foram treinados para responder ordens.
“Pode-se ver todos os tipos de animais de pedigree capturados nestes carregamentos tailandeses, alguns Golden retrievers, terriers de pelo longo, o que quiser”, disse Dalley. “Alguns são comprados. Outros, roubados das ruas, templos e até dos jardins das pessoas”.
No passado, os lotes de cães em situação de rua eram transportados em cubetas de plástico. Atualmente, com a crescente demanda – especialmente nos meses de inverno quando a carne de cachorro é apreciada como uma refeição quente- um cão na Tailândia pode chegar a 10 dólares. Esta cifra se eleva a 60 quando são servidos em restaurantes do Vietnã. Dalley afirma que os cães domésticos são mais procurados porque são mais amistosos e fáceis de enganar.
Os ativistas pelos direitos dos animais estimam que mais de um milhão de cães são comidos por ano no Vietnã. Para os traficantes de cães no Mekong, o negócio está em expansão.
Enquanto o comércio é ilegal na Tailândia e as autoridades fazem incursões para salvar milhares de cães, os comerciantes sustentam que as leis são pouco claras e que iniciaram operações de contra-ataque.
Os contrabandistas normalmente são julgados por leis que proíbem o comércio e transporte de animais e, sem leis contra a crueldade animal na Tailândia, os fiscais tentam acusar os contrabandistas com crueldade sob as leis do código penal.
A Fundação Soi Dog e a Sociedade Tailandesa para a Prevenção da Crueldade contra os Animais, lutam para mudar este quadro e atualmente trabalham com o Departamento de Desenvolvimento da Pecuária para aprovar uma iniciativa de Lei de Proteção animal no parlamento tailandês.
Sem dúvidas, a realidade é que os contrabandistas recebem sentenças curtas de apenas alguns meses na cadeia. Os ativistas animais afirmam que milhares de cães apreendidos – resgatados de contrabandistas- que acabam em centros de quarentena muitas vezes regressam às ruas, onde o círculo do contrabando se reinicia.
“Não se trata se faz bem ou não comer carne de cachorro”, disse Dalley. “ Trata-se de um comércio ilegal que vale milhões de dólares ao ano, organizado por criminosos. A maneira como estes cães são transportados e , se sobrevivem, assassinados, é horrível.”
“Alguns dos vídeos que recebemos são tão horríveis que é difícil a mídia reproduzi-los”.
fonte: anda.jor
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