Uma preocupação comum entre os tutores de animais é evitar uma gravidez inesperada. Para isso existem dois métodos contraceptivos próprios para animais: o uso de anticoncepcionais e a castração. No entanto, é frequente a dúvida sobre a qual alternativa recorrer. Para preservar o bem estar do bichinho e evitar complicações no futuro, é preciso estar atento ao que cada intervenção pode causar.
A professora de Cirurgia de Pequenos Animais da UAG/UFRPE, Grazielle Aleixo, explica que o controle reprodutivo de cães e gatos pode ser hormonal ou cirúrgico. “No primeiro são administrados hormônios à base de progesterona nas fêmeas, que pode ser por via oral ou injetável, que impedem que a mesma entre no cio. No método cirúrgico, tanto fêmea quanto machos podem ser castrados”, afirma.
Segundo Grazielle, o método hormonal precisa ser administrado continuamente, já o cirúrgico é realizado em um único momento e é definitivo.”O resultado dos dois métodos é o mesmo, pois o animal não consegue mais procriar, seja temporariamente (durante a ação do hormônio) ou permanentemente (após a cirurgia). Entretanto, se o hormônio não for administrado no momento correto, o animal poderá entrar no cio e ter crias normalmente, então esse método apresenta maior risco de falha”, afirma.
Mesmo podendo ter resultados semelhantes, a administração de anticoncepcionais pode causar alguns efeitos adversos, como por exemplo o desenvolvimento de tumores de mama. O veterinário do Hospital Harmonia, Ricardo Ferraz afirma ser contra ao uso de contraceptivos hormonais. “Considero muito perigoso, pois já vi vários casos, aqui mesmo no hospital, de tumores ou infecções causadas por essas injeções. Outro problema recorrente é aplicação errada”.
O veterinário explica também que a facilidade na compra e o baixo valor atraem muito as pessoas. “Não existe dose certa ou algum controle adotado para os anticoncepcionais. Qualquer pessoa pode comprar em casas de ração ou clínicas veterinárias por R$ 15,00 ou R$20,00 e aplicar. Muita gente pensa também que funciona como uma espécie de ‘pílula do dia seguinte’, o que pode prejudicar uma possível gestação de cadelas e gatas”, alerta.
Para Ricardo, o mais indicado é a castração. “Após a cirurgia, a chance de uma cadela ou gata ter câncer de mama diminui para 5% e a chance de câncer de próstata nos cães e gatos também é reduzida. Além disso, estudos recentes mostram que animais castrados têm mais expectativa de vida”, informa.
Sem saber dos sérios riscos a que estava expondo as quatro gatas sem raça definida que criava, o professor Bartolomeu Sacramento Filho, 35 anos, optou pelas aplicações semestrais de anticoncepcionais e pílulas. O que resultou em dois óbitos e três cirurgias. “Há mais ou menos três anos procurei um veterinário e informei que queria evitar que minhas gatas tivessem filhotes e ele me indicou o uso do medicamento sem me falar de qualquer risco que teria. Confiei nele e dei início ao tratamento. Depois de alguns anos comecei a perceber algo estranho próximo às mamas de uma das gatas. Foi quando descobri que ela e todas as outras estavam com nódulos”, conta o professor.
Duas delas não resistiram e outras duas estão em tratamento. Assim que soube o motivo das complicações, Bartolomeu suspendeu imediatamente a medicação. “Procurei o mesmo médico e só aí que ele me informou que poderia ser consequência das aplicações. Fui vítima da desinformação, pois se eu soubesse da dor que estava por trás de tudo, jamais faria”, afirma.
Bartolomeu conta que gastava cerca de R$50,00 no tratamento anterior. Hoje, sua irmã, a funcionária pública Ingrid Sacramento, 27 anos, afirma que apenas a cirurgia de uma das gatas custou mais de mil reais, sem contar com as consultas e remédios. “Contando com uma bateria de exames que ela teve que fazer, consultas, remédios, tratamento pós-operatório, estamos gastando um total de três mil reais”.
Para evitar tratamentos que prejudiquem a saúde dos animais ou controlar a superpopulação dos bichos em situação de rua, alguns programas facilitam a castração realizando a cirurgia por um valor menor do que em clínicas particulares. A dona de casa Ana Paula Fernandes recorreu a um programa oferecido pela Universidade Federal Rural de Pernambuco para evitar a reprodução nas duas cadelas sem raça definida. “Fiquei sabendo através de uma nota no jornal e logo entrei em contato com os responsáveis. Paguei R$ 50,00 por cada uma. Foi muito rápido, gostei bastante do atendimento e hoje tenho certeza que não serei surpreendida com filhotes”, conta.
Mesmo não tendo os mesmos riscos, a castração deve ser feita no tempo certo e exige alguns cuidados depois da cirurgia. “O indicado é realizar antes do primeiro cio, tanto para gatas, como para cadelas. E após a cirurgia é importante controlar a alimentação. Algumas rações são próprias para animais castrados para evitar o aumento de peso “, acrescenta.
Fonte: Diário de Pernambuco
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