O caso da cadela Tica, baleada na cabeça após defender a casa de seus tutores de uma tentativa de assalto, no Bairro Salgado Filho, Região Oeste de Belo Horizonte, é uma mostra de que os animais também ficam vulneráveis em situações de violência. Como a da mestiça de rottweiler, de 5 anos e 38 quilos, a valentia e a fidelidade dos cães já colocaram em risco outros dois animais este ano, atendidos na Clínica Veterinária São Francisco de Assis, onde a cachorra se recupera.
Um dos animais foi vítima de chumbinho e outro cão que morava num sítio do distrito de Ravena, em Sabará, também foi baleado quando bandidos tentaram invadir a casa da família. Há dois anos, lembra o médico-veterinário Alexandre Nagem, que operou Tica, o cachorro de um bandido acabou atingido por um tiro durante uma operação policial em Ouro Preto. O tutor, arrasado, contratou um veterinário da cidade pagando em dinheiro para que ele socorresse o animal e o trouxesse à capital.
“O cão tem a tendência de proteger seu território, independentemente do tamanho. Mas a Tica, pela personalidade, partiu para cima quando percebeu dois estranhos na casa. Ela teve sorte porque a bala não atingiu a jugular, a carótida e nenhum nervo, apesar de ter ficado alojada no pescoço, que tem muitas estruturas nobres. O projétil entrou pelo focinho, passou pelo céu da boca e ficou preso na cartilagem da laringe. Um tiro, quando não mata o animal, pode destruir uma estrutura e até deixar sequelas”, afirma.
“O cão tem a tendência de proteger seu território, independentemente do tamanho. Mas a Tica, pela personalidade, partiu para cima quando percebeu dois estranhos na casa. Ela teve sorte porque a bala não atingiu a jugular, a carótida e nenhum nervo, apesar de ter ficado alojada no pescoço, que tem muitas estruturas nobres. O projétil entrou pelo focinho, passou pelo céu da boca e ficou preso na cartilagem da laringe. Um tiro, quando não mata o animal, pode destruir uma estrutura e até deixar sequelas”, afirma.
Tica enfrentou quase uma hora e meia de cirurgia. Foi entubada, fez três raios X e teve o sistema cardiorrespiratório monitorado o tempo todo. Segundo o especialista, ela ainda está com dores, mas ontem, logo depois que passou a sedação, comeu um potinho cheio de ração seca e caminhou no pátio da clínica acompanhada pelo olhar atento e carinhoso de sua tutora, a secretária Letícia Bezerra, de 40 anos.
Segundo o veterinário, a cadela chegou numa maca improvisada com lençol, sangrando muito, e agora está assustada. Ela se recupera num canil e rosna quando alguém se aproxima, escondendo o focinho machucado. Tica está em observação e deve ter alta hoje. “O sistema neurológico parece estar bem, mas como ela aspirou um pouco de sangue, pode ser que desenvolva pneumonia aspiratória. Precisaremos acompanhá-la.”
Em defesa das crianças
Em defesa das crianças
Há seis anos, a vira-latas Jure protegeu a família da aposentada Terezinha Braga Abreu, de 82 anos. Moradora do Bairro São José, na Região da Pampulha, na capital, ela conta que um bandido armado pulou no quintal da casa, fugindo da polícia. “As minhas netas pequenas estavam no portão, indo para a escola. O homem estava muito nervoso e apontava a arma para as crianças. A Jure saiu do quartinho que a gente tinha construído para ela e avançou na perna dele. Ele deu dois tiros nas patas dela, mas saiu sangrando porque ela conseguiu mordê-lo. Se não fosse a coragem dela, o bandido poderia ter machucado alguém aqui em casa.”
Dona Terezinha diz que a cadela passou por cirurgia e sobreviveu. “Ficou só com uma pequena deficiência, mancando um pouco, mas cuidamos dela com muito amor até que ela morreu, há dois anos.”
Protetora de animais há 40 anos, Maria Irene de Melo Neves lembra de uma outra história curiosa de animais que protegem os tutores: a de uma maritaca, criada solta na casa de uma idosa no Bairro Serra, na Região Centro-Sul de BH. “A tutora chegou um dia à tarde e reparou que a maritaca estava inquieta, gritando muito. Ela voava de um jeito que não era normal e apontava com a cabeça para cima. Quando olhou pela janela, a tutora da casa percebeu dois homens armados no telhado e correu para a rua, para chamar a polícia”, conta Maria Irene, que pretende reunir histórias de sensibilidade e proteção em um livro.
Fonte: Em
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