domingo, 2 de novembro de 2014

Queimadas provocam fuga de animais silvestres para área urbana

O veterinário Diogo Siqueira, do PlanetVet, com animal resgatado devido às queimadas
O veterinário Diogo Siqueira, do PlanetVet, com animal resgatado devido às queimadas
O aumento das queimadas por causa do tempo seco e da falta de chuvas tem afetado a vida dos animais que ficam nos resquícios de mata nativa em Campinas e região. Alguns deles chegam a sofrer queimaduras, e outros, para fugir das chamas, invadem as áreas urbanas e se tornam vítimas de atropelamentos.
O veterinário Diogo Siqueira, que trabalha há anos com resgate de animais e coordena o Centro de Reabilitação Animal Planetvet (Crap), em Campinas, estima um aumento de 200% no número de bichos resgatados. “Normalmente, a época das queimadas é entre junho e julho, depois melhora, mas este ano, desde março a gente recebe quantidade muito grande de animais, justamente decorrente das queimadas. Comparado com anos anteriores aumentou muito”, disse.
(Foto: reprodução)
(Foto: reprodução)
A grande maioria dos bichos chega machucada e, muitos, mortos. “Para fugir do fogo eles vão para a cidade e acabam acidentados. Já os animais mais lentos, que não conseguem escapar, são os que mais sofrem. São filhotes de aves, ouriços, primatas, que ficam encurralados embaixo das árvores e sofrem queimaduras graves e morrem.”
Além desses bichos, animais maiores, como veados e cachorros-do-mato também são constantemente vítimas de atropelamento quando tentam fugir das chamas. Na sexta-feira (31), um filhote de cachorro-do-mato (foto), de aproximadamente 35 dias, foi resgatado na Estrada da Boiada, que liga Valinhos a Vinhedo. “Estava tendo uma queimada em um fragmento de mata e, provavelmente a mãe atravessou a pista e ele não conseguiu”, disse o veterinário. O filhotinho está bem, mas ficará em quarentena, será vermifugado e receberá a nutrição adequada. Daqui a alguns meses a Secretaria Estadual de Meio Ambiente vai indicar um local para que passe por um processo de adaptação. Só então ele poderá ser solto novamente à natureza. Todo processo pode demorar até um ano.
(Foto: reprodução)
(Foto: reprodução)
“A população tem que entender que é um prejuízo para todos. Ainda há muita gente que joga bituca de cigarros na beira das estradas onde tem alguns fragmentos de mata nativa, onde ainda existe uma fauna silvestre.”
Atualmente, os profissionais do Crap cuidam de sete gambás, dois filhotes de urubus, dois filhotes de sabiás e um filhote de corujinha-do-mato, todo refugiados e resgatados das queimadas.
Queimadas
Entre maio e setembro, 359 focos de incêndios foram registrados na cidade, número 3,5 vezes maior que no mesmo período do ano passado, quando ocorreram 100 queimadas, segundo informações da Defesa Civil. No período choveu o equivalente a 141,7 milímetros, contra 228,2 do ano anterior. Além disso, foram 14 dias a menos de chuva nos cinco meses deste ano em relação a 2013.
Parte dos incêndios ocorreram em áreas verdes do município, como o Parque Ecológico, Parque das Águas, Parque das Anhumas, Fazendas Monte d’este, Tozan e Santa Eliza.
 Fonte: Correio Popular

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