INTRODUÇÃO
Atualmente temos visto nos diversos canais de comunicação a divulgação de uma crescente preocupação com as questões ambientais. A natureza tem dado a resposta aos muitos anos de exploração, devastação e poluição produzidos pelo homem que vão além dos níveis aceitáveis. As respostas a esta atitude humana foram demonstradas com o aumento do nível dos oceanos, da temperatura da Terra e com um número cada vez maior de furacões. As previsões para um futuro breve não têm sido nada otimistas. Cientistas do mundo inteiro se reúnem, como o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), a fim de estudar estes fenômenos e sua relação com as ações antrópicas.
Uma pesquisa feita pela AC Nielsen concluiu que os internautas brasileiros são os “mais preocupados” com os efeitos do aquecimento global. A pesquisa via internet foi feita em 46 países e 81% dos brasileiros consideraram o assunto “muito sério”. Já os internautas dos Estados Unidos se mostraram os menos preocupados e familiarizados com o assunto, embora o país contribua com um quarto das emissões dos gases do efeito estufa.
Quando pensamos em mudanças climáticas, efeito estufa e emissões de gases poluentes associamos a fontes causadoras como indústrias poluidoras e meio de transporte como CARROS
com seus escapamentos liberando uma enorme quantidade de monóxido de carbono.
com seus escapamentos liberando uma enorme quantidade de monóxido de carbono.
Entretanto, poucas vezes podemos associar a nossa alimentação com problemas ambientais tão graves assim. Afinal de contas, como um simples hábito de se alimentar poderia ter a ver com mudanças tão complexas na natureza? O que um prato de carne ou um churrasco causam ao meio ambiente até chegar ao consumidor final?
A FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) declarou no final de 2006 que a criação de animais é mais danosa ao meio ambiente do que os automóveis.
As emissões antrópicas de carbono geradas pelo setor pecuário são maiores do que o de transportes e isto se deve à uma crescente demanda por carne e laticínios, informa a FAO.
O consumo de água é outro fator de relevância e que tem causado grandes preocupações. A população mundial, ou pelo menos 60% dela, enfrentará problemas com a escassez de água nos próximo 20 anos. Este alerta vem de um comunicado da FAO. Atualmente mais de 1 bilhão de pessoas sofrem com a falta de água potável e em 2025 serão, segundo os cálculos da entidade, cerca de 1,8 bilhão de pessoas.
O consumo de água cresceu duas vezes mais rápido do que o aumento da população mundial no último século, sendo o setor agropecuário o maior consumidor de água doce disponível. O uso de água na produção de alimentos é da ordem de 70% do total utilizado pelo homem e em países em desenvolvimento chega a 90%.
A devastação das florestas e ocupação de terras são outras questões ambientais relevantes tratadas atualmente e que têm gerado conflitos. No Brasil a pecuária bovina foi uma das principais causas da destruição da Mata Atlântica que hoje se encontra apenas com cerca de 7% de sua formação original. Atualmente vemos a diminuição da Floresta Amazônica e a degradação do Pantanal Matogrossense intimamente ligados com o aumento da atividade pecuária no país.
Estes são alguns dos temas ambientais que serão tratados a seguir e estão relacionados diretamente ao hábito de consumir carne.
Das terras produtivas brasileiras, 75% têm a pecuária como sua atividade de renda. O Brasil desponta com números ainda mais audaciosos: 15% do total do rebanho bovino comercial do planeta encontra-se em nossas terras, a maior porcentagem de gado comercial do mundo num só país, e além disto, detém a primeira colocação na produção de carne bovina mundial. Estes dados mostram a grande importância de se conhecer todos os aspectos relacionados com esta atividade, quais são os recursos naturais que ela utiliza para sua produção e quais são as conseqüências implícitas.
USO DA ÁGUA
O relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) diz que os efeitos da produção pecuária exercem grande peso na oferta de água, pois utiliza 8% do que é consumido pelo homem, principalmente pela irrigação dos cultivos de alimentos para o gado.
Embora a Terra seja chamada de planeta azul, 97,5% da água é salgada e encontra-se nos oceanos e mares, 2,493% é doce, mas está localizada em geleiras ou regiões subterrâneas (aqüíferos) de difícil acesso e somente 0,007% é doce e está disponível em rios, lagos e na atmosfera sendo de fácil acesso para o consumo humano.
Um relatório que está sendo produzido pela CETESB informa que um frigorífico grande e completo (inclui abate, desossa, fabricação de carne cozida e subprodutos como a farinha de carne, osso e sebo) em São Paulo, com um abate de 1.100 cabeças de gado por dia, com práticas de conservação e uso racionalizado de água chega a utilizar 4.250.000 litros de água por dia, ou seja, cerca de 3.900 litros de água por cabeça.
Se considerarmos 160 litros de água o consumo médio diário de uma pessoa em São Paulo, a totalidade gasta em um dia por este frigorífico abasteceria de água pelo mesmo período 26.562 pessoas.
Conforme pesquisa de Primavesi da EMBRAPA, a variação de consumo de água de um bovino é de 15 a 53 litros de água por animal/dia. As vacas em lactação consomem de 80 a 162 L/ animal, pois além de terem uma ingestão maior do líquido, ainda temos que contabilizar o que é utilizado para seu asseio.
Com o propósito de termos um esclarecimento maior sobre o consumo de água na pecuária, podemos comparar alguns produtos agropecuários e qual a necessidade hídrica de cada um. Por exemplo, para a produção de 1 quilo de arroz são necessários 2.182 L/água, batata 262 L/água, tomate 60 L/água, trigo 1.500 L/água, soja 2.000 L/água e a carne 20.000 L/água (ver tabela a seguir).

Fonte : Agência Nacional de Águas (ANA – MMA) e Christofidis (2001)
Podemos observar assim que a eficiência na obtenção de 1 kg de carne é muito menor quando comparamos com outros produtos agrícolas.
O consumo de água tanto na pecuária como na agricultura pode variar um pouco conforme a região onde a cultura é plantada, o sistema de irrigação, bem como o tipo de alimentação do gado. Entretanto esta diferença entre as culturas agrícolas e pecuárias sempre mantém aproximadamente a proporção indicada no gráfico.
O consumo de água tanto na pecuária como na agricultura pode variar um pouco conforme a região onde a cultura é plantada, o sistema de irrigação, bem como o tipo de alimentação do gado. Entretanto esta diferença entre as culturas agrícolas e pecuárias sempre mantém aproximadamente a proporção indicada no gráfico.
Adriana da Conceição tem bacharelado e licenciatura em Ciências Biológicas e pós-graduação em Gestão Ambiental com ênfase em didática do ensino superior. Participou como diretora e secretária de ONGs ambientalistas de defesa animal e educativas. Atualmente é graduanda em engenharia civil.
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