quarta-feira, 20 de março de 2013

Crianças e elefantes: Sem direito à vida e à liberdade



O biólogo espanhol Luis Arranz é diretor do Parque Nacional de Garamba, na República Democrática do Congo.
Segundo os dados da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies em Perigo, Fauna Selvagem e Flora (CITES), calcula-se que 25.000 elefantes são massacrados por ano na África para a comercialização do marfim.
A jornalista de divulgação ambiental Rosa M. Tristán, do Huffingtonpost.es conta que conheceu Luis Arranz a caminho de Bruxelas e o mesmo lhe mostrou algumas fotos chocantes de elefantes massacrados, no lugar em que ela trabalhava.
“O meio onde trabalhava não era interessante. Também não se interessaram pelas fotos de crianças feridas pelos guerrilheiros do Exército de Resistencia do Senhor, que acompanhavam os paquidermes. Crianças com as costas rasgadas por chicotadas, que o biólogo encontrou perambulando entra as feras de Garamba, fugindo das mãos de quem os fez de soldados e escravos.”
Filhotes de elefante mortos para a retirada do marfim
Foto: Reprodução – Pablo Schapira
Em sua última visita a Rosa, Luiz Arranz disse que o centro turístico que construiu no Parque estava funcionando, mas mesmo com acesso desde Uganda, ainda não tinha turistas o suficiente, por isso estava procurando financiamentos para manter Garamba, a fim de pagar ao menos uma parcela das 400 rangers (necessárias porque o solo é muito baixo) e para iniciar projetos educativos que permitam a população entender que é mais rentável proteger do que assassinar.
Em Garamba existem agora 2.900 hipopótamos, 6.000 búfalos, uma centena de girafas e uns 2.500 elefantes, enquanto há meio século havia 70.000. Para Arranz, é um tesouro que pode se multiplicar ou desaparecer, portanto a vigilância deve ser constante. Para manter o controle dos animais, são utilizados colares de transmissão. “No inverno eles vão ao sul em busca de uma espécie de mangas que os agrada, mas quando chove preferem o bosque e lá é mais difícil controla-los. A demanda do marfim não deixa de aumentar em toda a Ásia e há alguns anos foi permitida uma caça maior. Como é possível explicar aos aldeãos que um homem branco e rico pode matar os elefantes e eles não? A caça autorizada gera muitos danos e aumenta a caça ilegal” Diz Arranz.
Caçar paquidermes ilegalmente em Garamba não é difícil. É impossível vigiar todo o território constantemente, mas pode-se trabalhar para que os animais adquiram valor de formas alternativas. “Temos programas educativos em escolas, apresentamos documentários para que as crianças saibam o que acontece aos filhotes e convidamos para conhecerem o parque, onde não podem ver caçadores”.
Luiz Arranz não apenas conserva e protege como também investiga. Juntamente com ele, 3 espanhóis e 13 congoleses estão criando uma base de dados para os movimentos a favor dos crocodilos, antílopes e búfalos “ A principal tarefa é evitar a entrada dos caçadores para que assim os elefantes possam se reproduzir e chegar a 15.000. Também queremos reintroduzir o rinoceronte branco, já que o último espécime morreu em 2006.
Segundos seus dados, os caçadores ganham cerca de 500 dólares por marfim de cada elefante morto. O comércio é aberto e a demanda na China e Índia é enorme. Mas, para que o marfim é necessário? Para nada, é apenas um enfeite. E como podem acreditar que o chifre de um rinoceronte é curativo?
Rosa também observou fotos de crianças com as costas marcadas por cicatrizes. São de crianças encontradas por Luis, vagando pelo Parque Nacional, fugidas da escravidão sexual e serviçal. As crianças foram levadas de volta para suas famílias.
A situação é extrema. A batalha é para que os elefantes voltem a ser os reis de Garamba, para reintroduzir o rinoceronte branco e arrecadar fundos para que a ressurreição do parque culmine com êxito e um dia seja sustentável, como são o Serenguetti na Tanzânia e o Etosha na Namíbia.
“ Tenho sob minha responsabilidade 400 pessoas e quase 2000 famílias nos limites do parque. Todos os anos os caçadores matam algum guarda e agora passo mais tempo fazendo informativos do que passeando pelo parque, mas de tempos em tempos avisto a natureza e todo seu esplendor do avião”.
Há meses Rosa não tem notícias de Luis e sua companheira, Nina. Eles não devem estar sozinhos em sua batalha. Chegou a hora da proibição definitiva do comércio com a morte e de que a humanidade cumpra seu compromisso moral de acabar com sanguinários que convertem a vida em tragédia.
fonte: anda

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