Todos os anos, milhões de tartarugas desovam nas areias do Rio Guaporé, no Norte do Brasil. O rio, na fronteira com a Bolívia, tem mais de 50 quilômetros de praias. Nessa época do ano, elas se transformam em uma espécie de maternidade para milhões de tartaruguinhas. Durante a madrugada, as fêmeas começam a sair dos rios em busca do melhor lugar para cavas os ninhos.
Cada uma das tartarugas bota de 70 a 150 ovos. Imagens feitas por ribeirinhos mostram mais de mil tartarugas em uma única praia. Quando o dia amanhece é possível ver a quantidade de buracos ou ninhos que ficaram. Nas principais praias este ano, 30 mil tartarugas desovaram.
A estimativa é do projeto Quelônios do Guaporé, que todo ano acompanha o processo, desde a desova até o nascimento. Quando o projeto começou, as tartarugas estavam praticamente extintas no Vale do Guaporé. “São 15 anos e nós já devolvemos mais de 10 milhões de filhotes para a natureza”, diz o presidente da ONG Ecovale Zeca Lula.
A desova dura um mês. Nesse período em que as tartarugas estão mais vulneráveis, centenas de caçadores invadem a área de proteção. Um grupo foi flagrado jogando a rede em uma praia onde elas costumam desovar. O barulho afugentou as tartarugas. Elas não devem desovar neste lugar neste ano.
Em outra praia, a equipe do Jornal Hoje encontrou seis tartarugas enormes, com os cascos virados para baixo. Assim, elas não têm como escapar. Os caçadores fugiram quando a equipe chegou. As fêmeas pesam de 60 a 70 quilos e seriam vendidas por, pelo menos, R$ 300 cada uma, na cidade de Costa Marques.
Não é só a carne que atrai os caçadores. Muitos violam os ninhos para retirar os ovos. Nas cidades próximas, uma dúzia custa pelo menos R$ 10. Este mês, o Ibama prendeu duas pessoas acusadas de apanhar mais de 2.500 ovos de tartarugas no Vale do Guaporé.
O Ibama diz que as operações nesse período são intensificadas, mas se queixa que o trabalho é difícil. “Extensão de área muito grande, o deslocamento é por via fluvial, pelo rio, qualquer som diferente de embarcação, aquela população, ela entende que pode ser uma ação de fiscalização, e dessa forma eles se evadem”, explica o superintendente do Ibama de Rondônia Renê Luís.
Nesta temporada, a ONG já mapeou os ninhos e agora vigia o rio para impedir a ação dos caçadores. Em dezembro, quando as tartarugas nascerem, elas serão transferidas para um berçário, onde devem ficar 15 dias até GANHAR mais força. Dessa forma, as chances de sobrevivência aumentam 15 vezes.
Fonte: Jornal Hoje
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