Por Monika Schorr (da Redação)
Centenas de animais mortos foram encontrados, arrastados pelas águas, ao longo do litoral de um dos estuários com a maior diversidade biológica da América do Norte.
Os mais de 100 beixes-boi, 300 pelicanos e cerca de 50 golfinhos foram encontrados todos mortos na extensão norte da costa do “Indian River Lagoon”, estuário de águas rasas que ocupa 40% da costa leste da Flórida. As informações são do Daily Mail.
Biólogos estão tentando entender as causas desta mortandade, mas não restam dúvidas sobre a gravidade desta situação.
O estuário é berço de uma diversidade de espécies maior do que a encontrada em qualquer outro lugar nos Estados Unidos, incluindo as cidades que margeiam sua orla, como Titusville, Cocoa, Melbourne, Vero Beach e Stuart, e também gera uma receita de milhões de dólares para o Estado da Flórida, devido ao turismo, passeios de barco, observação de pássaros, entre outras atividades. Suas 156 milhas (251 km) de águas abrigam mais de 600 espécies de peixes e atraem mais de 300 tipos de aves.
O complexo, cercado de ilhas de areia, e que se estende ao longo de 40% da costa da Flórida, em torno do Cabo Canaveral, consiste num agrupamento três lagunas: Mosquito Lagoon, Banana River e Indian River.
No passado, o estuário foi poluído, recebendo, constantemente, o despejo de produtos químicos tóxicos que escorriam pelo solo das fazendas, mas ao que tudo indica, a situação atual alcançou um ponto crítico e, talvez, irreversível.
Os peixes-boi começaram a morrer em julho de 2012, sendo que 43 deles morreram em apenas um mês, e hoje já são 111 mortos, no total.
A misteriosa e ininterrupta mortandade dos peixes-boi começou ao norte do estuário, em julho passado, atingindo seu pico por volta de março e, atualmente, morre um peixe-boi a cada duas semanas.
Biólogos de um laboratório estatal, localizado na cidade de St. Petersburg, Flórida, examinam cada peixe-boi morto, buscando encontrar a causa do óbito. As evidências levam a crer que esses mamíferos aquáticos adoeceram de repente, de forma aguda, e morreram afogados.
A população informou que, desde janeiro, já morreram, aproximadamente, entre 250 e 300 pelicanos e que estes apresentavam magreza extrema.
Também, desde janeiro, o número de golfinhos-nariz-de-garrafa mortos chegou a 46 indivíduos, mais que o dobro da média registrada em anos anteriores. Assim como os pelicanos, eles também estavam totalmente emaciados.
Até agora, ninguém foi capaz de identificar o que está matando os animais. Os biólogos têm algumas suspeitas, mas estão desconcertados quanto a algumas ausências de conexões entre os problemas das diferentes espécies. Os hábitos alimentares são diferentes: beixes-boi são vegetarianos, enquanto pelicanos e golfinhos comem peixes. Os sintomas são diferentes: os estômagos dos peixes-boi estão estufados, enquanto os pelicanos e golfinhos estão extremamente magros.
Esta não é a primeira vez que golfinhos perecem no estuário Indian River Lagoon. Muitos morreram em 2001 e em 2008, períodos em que, igualmente ao atual, as causas das mortes ficaram indeterminadas. Os cientistas enfrentam dificuldades para descobrir o que está provocando as mortes, uma vez que não há uma causa óbvia.
Em função da grande quantidade de terras cultiváveis, as leis da Flórida permitem que fertilizantes químicos sejam derramados nas águas costeiras, o que pode afetar a acidez, a temperatura e o nível de sal da água.
Há até especulações sobre o aquecimento global ser a causa da mortandade.
Altos níveis de nutrientes e de salinidade são ideais para a sobrevivência das algas, o que pode ter um efeito nefasto sobre a oferta de alimentos do ecossistema para outros animais, como os golfinhos.
Há poucos sinais positivos. Embora pareça que o número de pelicanos mortos tenha estacionado, uma nova maré marrom foi localizada, o que mostra uma proliferação excessiva de algas que liberam toxinas, causando malefícios aos habitantes marinhos.
Moradores locais acreditam que, se existir alguma possibilidade do estuário se recuperar, levaria, aproximadamente, uma década antes que tudo voltasse ao normal.
fonte: anda.jor
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