domingo, 3 de agosto de 2014

12 heroínas em defesa dos animais


Mulheres de Cavaleiro dedicam tempo e dinheiro - que às vezes não tem - para cuidar e arrumar um lar para as dezenas de bichos abandonados no mercado

Paulo Trigueiro - Diario de Pernambuco
Publicação: 03/08/2014 09:39 Atualização: 03/08/2014 16:51

Grupo desenvolve trabalho contínuo de saúde e encaminhamento à adoção.
Crédito: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press
Grupo desenvolve trabalho contínuo de saúde e encaminhamento à adoção. Crédito: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press


Em média, pelos menos um animal é abandonado por dia no Mercado Público de Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes. Na maioria das vezes, ninhadas de filhotes de cachorros ou gatos são deixadas nos arredores do mercados, dentro de caixas de papelão. Em outras muitas ocasiões, fêmeas são deixadas ainda prenhes ou depois que contraem alguma doença. Largados por seus donos, esse bichos não estão sozinhos. Coube a um grupo de 12 obstinadas mulheres o desafio de tentar protegê-los.

A cruzada em defesa dos cães e gatos foi iniciada por Adriana Salgado, 39, que não para de presenciar violações dos direitos dos animais desde que começou a trabalhar no local, há 10 anos. Incomodada, começou a cuidar deles, alimentando, vacinando, financiando tratamentos veterinários e muitas vezes abrigando-os. Aos poucos, foi encontrando outras protetoras que atuavam no mercado ou perto dele e formou um grupo de 12 mulheres em defesa dos bichinhos.

Clarice do Nascimento, uma das defensoras do SOS Animais de Cavaleiro, abriga atualmente, na própria casa, 21 cães e nove gatos resgatados de situação de maus-tratos, especialmente de abandono. “Meu cartão de crédito está estourado em R$ 2 mil. Tudo é conta de veterinário, remédio e ração”, conta.

Mas a maior dificuldade do grupo ainda é encontrar um local para colocar os bichinhos resgatados. Depois de cirurgias, por exemplo, é preciso achar um lar provisório que administre medicamentos e cuide do bichinho até ele se recuperar. “Dinheiro é muito complicado, mas dá para fazer rifa ou campanha e arrecadar uma parte do que se gastou. Local é que é o problema. 
Todas nós já estamos abrigando muitos animais”, explica Adriana.

Fátima Santos, 40, criou uma página no facebook para procurar lares e mostrar o trabalho das defensoras. É uma maneira de tentar driblar mais este entrave. “Pretendemos criar um ONG com um lugar para colocar esses animais”, afirma.

Já Gláucia Calado, 58, e Evaneide Santos, 39, se preocupam principalmente com a falta de acionamento das leis que punem quem maltrata os bichos: “Se tentamos defender um bicho que está sendo agredido, ouvimos que a lei não funciona. E o pior: mesmo se falarmos com jeitinho, a pessoa se irrita e bate ainda mais no animal.”

Parceria garante vida melhor aos bichos
Assim como as 12 defensoras, a veterinária Ana Cláudia Araújo trabalha pela qualidade de vida dos bichinhos abandonados nos mercados. À frente da coordenação de Proteção e Defesa Animal de Jaboatão, iniciou em julho uma ação de saúde realizada nos mercados, onde há maior concentração de bichos.

O Circuito dos Mercados pretende os sete centros de comércio da cidade, castrando, vacinando, vermifugando e medicando os animais. O primeiro mercado visitado foi o de Cavaleiro, já que as defensoras já haviam procurado a prefeitura por apoio. Nessa visita foram castrados 50 cachorros e 20 já encontraram um novo lar, através do grupo. “Depois de castrados é mais fácil encontrar pessoas que querem ficar com eles. Se não, no primeiro cio os donos abandonam as fêmeas”, explica Cristina Freire, 44, outra participante do grupo.

“Castramóvel”


Ana Cláudia espera a realização de uma licitação para para adquirir o “castramóvel”, um veículo com estrutura para que sejam realizadas castrações nas comunidades.

Serviço

Para ajudar o grupo com contribuições de ração, medicamentos, vacinas, fraldas descartáveis, dinheiro ou até jornais velhos, é possível entrar em contato através dos números 8717.2993 (Clarice), 8338.3090 (Evaneide) ou 9851.2909 (Adriana).


FONTE:http://www.diariodepernambuco.com.br/

Formas mais comuns de maus-tratos
  • Abandono
  • Manter animal preso por muito tempo sem comida e contato com seus donos/responsáveis
  • Deixar animal em lugar impróprio e anti-higiênico
  • Envenenamento
  • Agressão física, covarde e exagerada
  • Mutilação
  • Utilizar animal em shows, apresentações ou trabalho que possa lhe causar pânico e sofrimento
  • Não procurar um veterinário se o animal estiver doente

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