Maioria parlamentar decide pela continuação das touradas em Portugal
A maioria parlamentar manifestou-se nesta quinta-feira contra o fim das corridas de touros, pedido por uma petição, tendo o BE apoiado esta intenção e “Os Verdes” defendido uma reflexão sobre a caracterização das touradas como um espetáculo violento.
A petição pelo fim das das touradas reuniu cerca de sete mil assinaturas, mais três mil do que as necessárias para levar a sua discussão a plenário da Assembleia da República.
A deputada Isilda Aguincha, do PSD, defendeu que esta é “uma matéria que respeita à liberdade individual de cada um”, sendo as corridas de touros “historicamente reconhecidas como arte, com elevado número de espectadores”.
No mesmo sentido, a deputada socialista e ex-ministra da Cultura Gabriela Canavilhas sublinhou a “manifestação inequivocamente cultural” da tauromaquia, que leva anualmente 900 mil pessoas às praças e mais de três milhões a festas taurinas e que, tal como não foi introduzida por decreto, não poderá ser abolida dessa forma.
A democrata-cristã Teresa Anjinho lembrou a “relevante actividade económica” da tauromaquia, situando-a simultaneamente no domínio dos “direitos culturais” que “são centrais à vida contemporânea”, cabendo ao Estado “preservar a vida cultural que existe, não criar uma”.
O deputado comunista Paulo Sá disse não entender ser “acertado” qualquer “tipo de proibição por via legal”, mas manifestou a disponibilidade do PCP à “reflexão” sobre uma matéria que, disse, divide a sociedade portuguesa, garantindo ainda o empenhamento dos comunistas na “protecção dos animais”.
Já a deputada de “Os Verdes” Heloísa Apolónia questionou a “vertente cultural” da tauromaquia, lembrou a recente proibição na Catalunha, e centrou a sua intervenção numa eventual caracterização das corridas de touros como um espectáculo “violento”, o que obrigaria, por exemplo, à indicação desse teor “violento” na sua transmissão televisiva.
Pelo BE, Catarina Martins apoiou a intenção dos peticionários, argumentando que as corridas de touros provocam nos animais envolvidos um “sofrimento brutal”, num espectáculo que é “bárbaro”.
Catarina Martins defendeu que “os partidos devem fazer escolhas”, assumindo que “há muitas visões, inclusivamente dentro do Bloco de Esquerda”, numa referência indireta à única autarquia governada pelos bloquistas, Salvaterra de Magos, localidade do Ribatejo com tradições taurinas.
Fonte: Publico.pt
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