Por Ana Rita Negrini Hermes (da Redação)
Os planos para uma “fazenda de criação de Beagles” para experimentos científicos foram rejeitados após grande oposição pública. As informações são do Huffington Post.
A proposta para construir as instalações na vila de Grimston, no condado de NorthYorkshire, foi recusada pelos vereadores de East Riding.
Mais de 30 mil pessoas assinaram a petição feita pela União Britânica pela Abolição da Vivissecção (BUAV), opondo-se ao esquema, que foi apresentado para a Câmara de Vereadores na segunda-feira (11).
Muitas celebridades, incluindo o comediante Ricky Gervais juntaram-se ao protesto.
O anúncio do dia 13 de novembro coincidiu com o relatório da BUAV que mostra que experimentos com cães não são necessários para o desenvolvimento de drogas.
Em 2012, mais de 3 mil cães foram usados em 4.843 experimentos no Reino Unido, alguns dos quais envolvidos em testes múltiplos.
Jan Creamer, CEO da Sociedade Nacional de Anti-Vivissecção (Navs), parabenizou a Câmara de vereadores por sua decisão.
“Esta é uma vitória significativa para os animais, opinião pública e para a ciência moderna. A Câmara mostrou hoje que usar cães em experimentos é literalmente uma indústria moribunda,” disse ela.
Cães que participam de experimentos científicos são obrigados a inalar substâncias tóxicas através de máscaras, a se alimentar através de tubos e são amarrados enquanto drogas lhes são injetadas, disse Navs.
As substâncias testadas em cães incluíram herbicidas, drogas farmacêuticas e produtos químicos industriais.
Michelle Thew, CEO da BUAV disse: “Milhares de animais serão poupados em decorrência desta decisão. Em nome de todos os que assinaram a petição e se manifestaram contra os planos desta fazenda, agradecemos aos vereadores de East Riding por tudo o que eles fizeram pelos animais hoje.”
Testes não são necessários
Os gestores da propriedade Yorkshire Evergreen pediram permissão para construir as instalações da fazenda em nome da empresa B&K Universal, que fornece cães e outros animais para pesquisa. Sua proposta inicial era de quatro prédios, que foi reduzida para um único prédio com 1.200 metros quadrados.
B&K Universal já possui instalações em Grimston que abrigam animais de laboratório, mas queria expandir a área para permitir a criação de Beagles, furões e roedores para uso em laboratórios.
David Gatehouse, porta-voz da B&K Universal, disse que as pessoas precisam deixar de se iludir com o que ele chamou de “charlatanismo medieval” de quem faz campanhas pelos direitos animais.
Entretanto, este “charlatanismo” é plausível e completamente científico. Segundo Sergio Greif, biólogo e mestre em alimentos e nutrição, “Um produto pode ser altamente tóxico para o ser humano e não ser para o rato. A toxidade de um produto varia de uma espécie para outra. Não tem a ver com quantidade ou com o tamanho do animal e sim com a espécie”.
Greif destaca os métodos substitutivos, como as células in vitro e os programas de computador que podem realizar cálculos para prever a reação de alguma substância estranha no organismo humano. Ele ainda afirma que utilizar células humanas in vitro é mais eficaz que testes em animais não humanos, já que demonstrarão a reação exata de células humanas às substâncias tóxicas que forem expostas. “Os testes in vitro em frascos de co-cultura são bem específicos e utilizam várias linhagens diferentes de células interagindo da mesma forma como fariam no corpo como um todo”, conta o biólogo.
Ele também exemplifica com o caso da indústria do tabaco, “Eles faziam testes em animais que não desenvolviam câncer como os seres humanos e alegavam não haver comprovação de que o cigarro causa câncer, o que hoje sabemos que não é verdade. A questão é que o organismo do animal reage de forma diferente aos mesmos agentes químicos”.
fomte anda.jor.
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