Até mesmo os pesquisadores se surpreenderam com o que aconteceu entre um golfinho e um mergulhador.
O golfinho não estava nos melhores dias. Nadava com dificuldade e se movia devagar. Até que ele encontrou um grupo que fotografa raias. Meio carente, ele girou o corpo na direção da luz.
O mergulhador percebe logo que uma linha de pesca sai da boca do golfinho e dá várias voltas no corpo do bicho. E pior: um anzol está fincado na nadadeira esquerda. O golfinho chegou e se virou: parece pedir ajuda.
O mergulhador tenta romper a linha com a mão, mas não dá certo. Ele saca, então, uma tesoura e chama o golfinho de volta. As mãos tremem de nervoso, mas o golfinho fica ali, paradinho.
O encontro inesperado foi em janeiro de 2013, próximo à praia de Kailua-Kona, no Havaí. O golfinho em apuros é do tipo nariz-de-garrafa, uma espécie também vive na costa brasileira.
Um grupo deles apareceu na última quarta-feira (29) no Rio de Janeiro e deu um show no mar.
Pela internet, o mergulhador americano Keller Laros contou que o nariz-de-garrafa do Havaí colaborou durante toda a operação de resgate.
“Eu estava com a tesoura perto dos olhos dele, e ele estava confiante. O golfinho sabia que eu só queria ajudar”, disse o mergulhador.
Foi cortando, foi cortando… A linha aos poucos foi se soltando. Eram uns três metros, segundo o mergulhador. Keller explicou que era uma linha fina, usada para pescar peixes pequenos. Ele não acredita que aquele golfinho estava na mira de um pescador. O animal devia sentir fome, mordeu uma isca que estava dando sopa e arrebentou a linha.
“Os golfinhos não são alvo de pesca. Inclusive, nos Estados Unidos, eles são protegidos por legislação para que isso não aconteça. Da mesma forma aqui no Brasil”, explica o oceanógrafo Alexandre Azevedo, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Naquela área, segundo o mergulhador americano, não há golfinhos acostumados a interagir com humanos.
“Golfinhos selvagens não se aproximam de pessoas. Foi especial ele ter feito isso”, ressalta Keller.
“É realmente um evento muito raro. Esse comportamento é um exemplo da inteligência do golfinho. Ele tinha um problema, detectou possíveis soluções e, o mais importante, visualizou a função que um mergulhador poderia ter diante de uma situação”, diz Alexandre Azevedo.
Inteligente e paciente. Depois de dois minutos e meio de espera, o golfinho estava livre do anzol e voltou a balançar a cauda pelas águas do Pacífico.
Keller já encontrou o amigo de novo. Duas semanas atrás, um golfinho com as mesmas marcas na pele foi na direção dele, deu três voltas fazendo a maior festa. ele pensou: “Só pode ser ele”.
“Eu não falo a língua dos golfinhos, mas foi legal poder dizer ‘E aí, tudo bem?’”, conta o mergulhador.
Para Keller, quem mergulha tem que estar disposto a libertar os animais e, assim, salvar o planeta, um golfinho de cada vez.
Fonte: G1
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