quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A PESCA INDUSTRIAL

Barcos de pesca industrial no estuário de Santos
Barcos de pesca industrial no estuário de Santos
Pensando que um dia os oceanos já foram considerados uma fonte inesgotável de alimento, hoje encontra-se em uma situação bastante preocupante. Thomas Huxley ,um biólogo inglês, companheiro do Naturalista Charles Darwin, escreveu que os recursos marinhos eram os únicos que podiam ser considerados eternos. Infelizmente, segundo os estudos mais recentes, ele estava enganado.

Biólogos canadenses acabam de divulgar alarmantes conclusões do mais abrangente estudo já realizado sobre a vida marítima. Esses estudos registram que nos últimos 50 anos, a pesca industrial reduziu em 90% a população dos grandes peixes oceânicos que devido ao seu grande valor comercial são perseguidos, sem descanso, pelos barcos pesqueiros, peixes como o Bacalhau do Porto, o Atum, o Espardate conhecido também como Meca, entre outros. Não esquecendo que os estoques de peixes menores estão também perigosamente ameaçados, as pesquisas também afirmam que pelo menos um terço das 25.000 espécies marinhas conhecidas já estão ameaçadas de extinção.




A pesca, hoje, movimenta 75 bilhões de dólares por ano com uma esquadra de 38.000 embarcações que podem armazenar mais de 20 toneladas, sendo que alguns deles, equipados para processar o pescado a bordo. Essas embarcações representam apenas 1% da frota pesqueira global, mas pescam metade de tudo que é retirado dos oceanos, o restante é explorado pela pesca artesanal praticada por pescadores em embarcações menores.

O resultado de toda essa exploração é que em 2001 foram pescados 92 milhões de toneladas, volume 60% maior que o dos anos 70, o que vai muito além da capacidade de recuperação da fauna marinha.

Um estudo da FAO (Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas) estima que tenha ocorrido uma redução média de 80% da biomassa marinha.

São considerados os maiores exploradores do mar: a China, o Peru e o Japão, todos países do Pacífico. Até os anos 70, a coleta era dividida igualmente entre os dois oceanos, os estoques do oceano Atlântico foram tão dilapidados que agora o Pacífico responde por dois terços da produção mundial de pescado.
As frotas pesqueiras trabalham o ano inteiro, se armando de um grande arsenal tecnológico, os cardumes são localizados por satélites, aviões e pelo sonar dos barcos que emitem ondas sonoras que alcançam profundidades de até 1.000 metros. A pesca se encontra tão eficiente e predatória que está cada dia mais difícil encontrar peixes grandes, então, os peixes pequenos acabam sendo capturados, aqueles que ainda não tiveram tempo de se reproduzir e assim não puderam contribuir para a renovação dos estoques do oceano. 
 

Um outro fato considerado alarmante é que 25% do que vem nas redes de pesca é considerado lixo pelos pescadores, este “lixo” inclui espécies ameaçadas de extinção, como as tartarugas marinhas os golfinhos e alguns tubarões. Estima-se que 70 milhões de tubarões são pescados por ano, a maioria apenas para a retirada da barbatana, considerada uma iguaria na Ásia, a carcaça é jogada de volta ao mar, e muitas vezes ainda com o animal vivo.

A pesca de arrasto feita com redes que varrem o fundo do mar atrás de camarões e peixes, é considerada a pesca mais predatória, pois além de revolver todo o fundo, acabam também destruindo as formações coralinas que servem de berçário a vida marinha.









Estimam-se os estoques pelo que os pescadores conseguem apanhar. Pode-se dizer que em meio século, caiu pela metade a quantidade de atum capturado no Atlântico. e, costumam viver próximo da superfície assim tornam-se presas fáceis para os pescadores, e seu grande “arsenal tecnológico” de pesca.

Entre as centenas de subespécies, a mais ameaçada é o atum-azul. Desde os anos 70, esse peixe que pesa em média 400 quilos, sumiu inteiramente da costa brasileira e seus estoques mundiais caíram para 80%.

Da lista existente de espécies marinhas ameaçadas de desaparecer da costa brasileira, 36 são bem conhecidas e apreciadas como o badejo, garoupa - pintada e o cação. Devido à super exploração da pesca, 75% das espécies da costa brasileira está no limite, e 7% entraram em colapso. A sardinha que já foi considerada uma espécie de praga, tal era a sua abundância, de 1997 até hoje a queda da pesca desse peixe foi de mais de 75%.

As fazendas marinhas que se supunha que iriam aliviar o esforço de pesca, só constituem até agora diferença significativa no caso dos salmões, mexilhões, ostras e alguns tipos de camarões.

Apesar dos números serem alarmantes, a vida no mar ainda pode ser salva. É possível que isso aconteça se o mundo cumprir os principais acordos internacionais de pesca e a Conservação dos Oceanos da ONU, considerado até hoje o mais ambicioso plano de proteção à vida marinha ratificado em Johanesburgo no ano passado.

Esses documentos prevêem a redução de cotas de pesca, estabelecem regras para evitar apesca acidental de espécies não comerciais, e também visam proteger as espécies migratórias como o atum. Muitas das espécies viajam por todos os oceanos, por tanto, não adianta proibir a pesca na costa brasileira, porque o peixe migra para a África e acaba sendo capturado.

Se as legislações forem realmente respeitadas por todos que usufruem os recursos dos oceanos, dizem os especialistas, é possível que os estoques se restaurem até o ano de 2015.
ATUM-AZUL: Peixe migratório do oceano Atlântico. Pesa em média 400 quilos. Desde de 1970, o númerodessa espécie diminuiu 80%.

SALMÃO: A espécie do Atlântico quase foi extinta e a do Pacifico ficou restrita a exemplares com um terço do tamanho original. Dois terços dos salmões consumidos nos dias de hoje são cultivados em cativeiro.

SARDINHA: A sardinha -verdadeira que atinge até 27cm, ocorre na costa Sudeste do Brasil, até 1998 (120.000 -140.000 toneladas anuais) a principal espécie capturada, em volume de produção sendo que no momento encontra-se em declínio, com capturas em torno de 20.000 toneladas sendo esse o menor valor observado em toda história da pescaria da espécie que teve início no década de 1960.

GAROUPA: É encontrado no pedaço do Atlântico que vai da Florida ao Brasil. Pesa em média 25 quilos. De 1967 a 2001, a captura dessa espécie caiu 90%.

ESPADARTE: Também conhecido como meca, chega a 4 metros de comprimento e pesa 540 quilos. Com a diminuição no número de exemplares adultos, um quarto do total capturado no Atlântico é de filhotes de menores de 1,5 metro e 50 quilos.

BALEIAS: Doze espécies ameaçadas de extinção são protegidas por acordos internacionais. Entre 1900 e 2000, o número de baleias-azuis reduziu de 250.000 para apenas 15.000.

fonte: portogente.

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