quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Abaixo-assinado requer fim do uso de animais em aulas de psicologia


Aluno entregou relatório e 355 adesões para universidade em Piracicaba.
Outra estudante se negou a frequentar atividades em sala com cobaias.

Do G1 Piracicaba e Região
Animais do laboratório da Unimep em Piracicaba (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
Ratos são usados durante as aulas práticas do curso de psicologia da Unimep (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
O estudante Marcos Fêo Spallini, de 22 anos, elaborou um abaixo-assinado e conseguiu 355 assinaturas contra o uso de animais nas disciplinas de fisiologia e behaviorismo (comportamento) do curso de psicologia da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Junto com o documento, o aluno entregou à coordenação do curso um relatório para justificar a reivindicação, mas ainda não recebeu uma resposta da instituição. No início deste semestre, uma estudante de psicologia se negou a participar das aulas práticas de fisiologia por discordar do uso de cobaias. Ela fez um acordo com a Unimep e passou a realizar atividades extras.
Estudante mostra relatório com abaixo assinado que entregou em universidade em Piracicaba (Foto: Fernanda Zanetti/G1)Marcos Spallini conseguiu 355 adesões para
abaixo-assinado (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
Spallini disse que ingressou na luta pelos direitos dos animais depois do dia 18 de outubro de 2013, quando o Instituto Royal foi invadido e 178 cães usados em experiências retirados do local por ativistas.
"Eu sempre gostei de animais, mas foi nesse momento que despertei para a causa e comecei a pesquisar. Nesse período me tornei vegano, criei um blog chamado 'Holocausto Animal' e comecei a lutar contra o uso de animais no curso de psicologia da Unimep", disse.
O jovem questiona o confinamento de ratos e considera maus-tratos mantê-los sem água durante dois dias para pesquisas na disciplina de comportamento. "É claro que trata-se de maus-tratos deixar um animal com sede. Acredito que existam outros meios para ensinar os alunos, como uma vídeoaula, por exemplo", relatou.

Carlos Alberto da Silva, presidente do CEUA, fala sobre o uso de animais na universidade em Piracicaba (Foto: Fernanda Zanetti/G1)Universidade

Carlos Alberto da Silva, presidente da Comissão de Ética no Uso de Animais da Unimep, disse que a universidade segue todos os padrões exigidos para utilizar animais nas disciplinas. "Todo semestre os professores fazem um relatório justificando o uso de animais nas disciplinas, independente da graduação. Esses pedidos são protocolados e autorizados pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) em Brasília", afirmou.

Sobre o relatório e o abaixo-assinado, Pedro Faleiros, coordenador do curso de psicologia, disse que o material apresenta problemas. "É uma compilação de documentos e traduções de artigos que não condizem com a realidade do Brasil. O material conta também com opiniões próprias. Várias pessoas que não são do curso assinaram, mas a pergunta é específica de quem cursa a disciplina", relatou.
Carlos Silva, presidente da comissão de ética, fala
sobre o uso de animais (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
Segundo o coordenador, o relatório foi entregue aos professores, que estão uma resposta. "O processo é burocrático. Primeiro enviei o documento para os professores. Em um segundo momento, o material será encaminhado ao Conselho de Curso, que conta com a participação de alunos", falou. Não há um prazo previsto para a entrega de um posicionamento aos estudantes.
Aula alternativa
A estudante Valdiane Silva se negou a participar das aulas práticas de fisiologia do curso de psicologia da Unimep. Na opinião dela, o uso de animais é incompatível com os preceitos de valorização à vida que os alunos recebem no curso. "Eu não poderia moral nem eticamente participar de atos deste tipo", argumentou.
Para compensar a ausência nas aulas, atividades foram inseridas no conteúdo programático após um acordo entre a estudante e a coordenação do curso. "Recebi questionários e um número maior de consultas bibliográficas, o que não desabona em absolutamente nada o aprendizado. Muito pelo contrário, acredito que este método seja muito mais eficiente. É sabido que participar de aulas com uso de animais vivos causa um enorme grau de angústia, tensão e ansiedade aos alunos, o que pode afetar a assimilação do conhecimento", disse.
Unimep Piracicaba (Foto: Fernanda Zanetti/G1)Universidade informou que dará uma resposta à demanda dos estudantes (Foto: Fernanda Zanetti/G1fonte:http://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2014/10/abaixo-assinado-requer-fim-do-uso-de-animais-em-aula-pratica-de-psicologia-em-piracicaba.html

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