No último final de semana, aconteceu em Pequim, na China, o “World Meat Congress 2014”, a vigésima edição do Congresso Mundial da Carne. O congresso existe para que produtores mundiais de carne discutam assuntos relacionados ao setor e como aumentar ainda mais seus lucros. Um dos principais tópicos deste ano foi o “bem-estar animal”.
Produtores de carne de vitela levantaram a questão do bem-estar animal para centenas de participantes do evento. Jacques Serviere, conselheiro científico do Secretariado Internacional da Carne, disse que a preocupação com o bem-estar dos animais vem aumentando exponencialmente e que isso já pode ser considerado uma barreira comercial.
Entre os produtores de carne, aqueles que produzem carne de vitela certamente são os que mais recebem críticas. E não é para menos. A carne de vitela é obtida através do assassinato (que eles chamam de “abate”) de bebês machos da indústria dos laticínios (leite, queijo, iogurte etc.). Os animais do rebanho destinados à produção de produtos lácteos são de raças diferentes dos animais destinados à produção de carne. Assim, quando o bebê nasce macho na indústria leiteira, ele simplesmente não tem utilidade para o fazendeiro. Não tem valor comercial.
Em algumas fazendas estes bezerros são mortos logo após o nascimento e destinados à graxaria (estabelecimento que trabalha com produção de sebo, gordura, farinhas de ossos e coisas do tipo). Em outras, os bezerros são enviados para pequenas baias e alimentados com uma dieta sem ferro. Eles ficam em espaçosminúsculos para que não caminhem e, em alguns casos, ficam imobilizados por correntes para que não se mexam. Com este processo a carne fica branca e macia – por conta da anemia causada pela falta de ferro e porque o bebê não se mexeu muito e não desenvolveu os seus músculos. O bezerro é morto em algumas semanas, desmembrado e aí é chamado de “carne de vitela”.
O processo é tão macabro e cruel que não poderia vir de outra área da indústria da carne o alerta de que as pessoas estão se preocupando com o bem-estar dos animais. Mesmo o frequentador de churrascarias mais apaixonado por carne tende a recusar o consumo de carne de filhotes. Até para quem come animais regularmente parece desnecessário e cruel matar bebês.
Uma vez captada a mensagem de que os consumidores estão descobrindo o método de produção de determinado produto, se acende uma luz vermelha na indústria e começam os esforços para retirar esta imagem ruim da cabeça das pessoas. É aí que eles falam em “bem-estar animal”. O termo é tão bacana que faz as pessoas comerem corpos de animais ou suas secreções, achando que está tudo bem.
Mas não foi no congresso chinês a primeira vez que a indústria da carne falou em bem-estar animal. Na verdade, eles têm parceiros de peso: ONGs que dizem ajudar os animais. Sim, pois é. Algumas das maiores ONGs de proteção animal do mundo têm a chamada “visão bem-estarista” e chegam a dar prêmios a empresários que matam seus animais com um ou outro recurso que dê a entender que eles sofreram menos. Insano? Sim, insano.
Quando uma dona de casa ou um churrasqueiro de final de semana pega um pacote de carne no supermercado e lê algo como “este produto obedece às normas de bem-estar-animal”, logo se acende uma luz verde em sua testa. A sensação de alívio de consciência move os braços do consumidor a colocar aquele produto no carrinho. É claro que muitos nem se preocupam com isso, mas uma parcela importante da população vem pensando em como os animais sofrem para que sejam vendidos picados em bandejinhas de isopor. É uma realidade e as indústrias estão de olho neste público.
Além do termo “bem-estar animal”, a indústria se apropria de expressões benevolentes como “carne/ovo/leite orgânico” ou “vacas felizes”, entre outros. É propaganda enganosa, é doentio.
Pela foto que ilustra este texto é possível notar o que o termo “bem-estar” significa dentro da pecuária (o que é pecuária?): parece que eles estão cuidando dos animais, mas estão apenas cuidando dos seus lucros. Olhe para a foto novamente. Este animal foi assassinado e vendido em pedaços poucas semanas após o registro fotográfico.
Não se deixe enganar. Não há produto de origem animal obtido sem algum nível de crueldade. Se você se importa com os animais e deseja respeitá-los, corte este tipo de produto da sua vida: www.sejavegano.com.br.
fonte:http://entretenimento.r7.com/
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