Por Otávio Monteagudo (da Redação)
Um estudo de enormes proporções a respeito das profundezas do Oceano Pacífico revelou que o ecossistema é um lixão gigantesco.
Após a análise de 18.000 horas de gravações feitas do fundo do Oceano Pacífico por microsubmarinos não-tripulados, pesquisadores do Instituto de Pesquisa do Aquário de Monterrey perceberam a presença de lixo em todos os locais pesquisados, que chegavam a até 4 mil metros de profundidade.
A pesquisa abrangeu desde o sul da Califórnia até a ilha de Vancouver, além dos arredores do arquipélago do Havaí, tendo como área de maior acumulação de plástico, resíduos de pesca e lixo em geral no Cânion de Monterrey, próximo à costa californiana, onde o instituto realiza em média 200 mergulhos por ano. Apenas aí, a equipe encontrou 1150 objetos descartados, além de constatar que a tendência do lixo é de se concentrar em áreas mais profundas, rochosas e de superfície irregular.
“Fiquei surpresa de achar tanto lixo assim nas áreas mais profundas. Não costumamos parar pra pensar que nossos hábitos diários podem ter um impacto negativo a dois quilômetros de profundidade no mar”, comentou a autora e líder da pesquisa, Kyra Schilling. “Tenho certeza que há ainda muito mais coisa nos cânions que não conseguimos ver, especialmente enterrados devido à deslizes de terra e sedimentação marítimas”.
Um pouco mais de um terço de todos os dejetos era composto por plástico. A menor intensidade dos raios solares no fundo do mar faz com que objetos derivados do petróleo tenham uma decomposição desacelerada, podendo demorar centenas de anos até desaparecerem por completo. Além disso, antes de sumirem, vão se quebrando em partes menores e facilitando a intoxicação de pequenas criaturas marítimas, que se alimentam dos dejetos totalmente impróprios aos seus organismos.
De todos os dejetos plásticos, aproximadamente metade era de sacolas plásticas de supermercado, objeto que vem se tornando cada vez mais controverso. Além do já mencionado acima, essas sacolas apresentam perigo de sufocamento dos animais, com vários casos de tartarugas marinhas que morreram após engolir um exemplar.
A cidade de Los Angeles foi a primeira grande cidade dos EUA a banir o uso dessas sacolas. Antes disso, a prefeitura municipal gastava aproximadamente dois milhões de dólares por ano para a limpeza do descarte indevido das mesmas pela cidade, mas até a instituição total da lei, são estimadas em média 228.000 sacolas desse tipo sendo distribuídas por hora em LA, sendo que muitas dessas acabam no fundo do mar.
Dejetos metálicos foram os mais comuns depois do plástico também, principalmente os de alumínio, aço e latão. Equipamento de pesca também foi um problema, assim como papel e garrafas de vidro.
Os pesquisadores estão estendendo a pesquisa a um estudo detalhado sobre o impacto do lixo no fundo do mar a longo prazo. O estudo já foi iniciado com um dejeto bem peculiar: um contêiner caído de um navio em 2004 contendo 1000 peças de pneus de borracha com roda de aço.
Não há um jeito economicamente viável de remover o lixo por enquanto. A solução mais prática e viável é a educação para a prevenção de um maior acúmulo de dejetos no fundo do mar. O problema ainda,ou pelo menos até agora, só vinha piorando.
“O mais frustrante foi ver que a maioria dos materiais que vimos, vidro, metal, plástico, tinha possibilidade de ser reciclado.” comentou Schilling. “Por fim, a prevenção da introdução do descarte em praias e no oceano por meio de esclarecimento público ainda é a solução mais barata e óbvia.”
fonte: anda.jor
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