Por Patrícia Tai (da Redação)
No site da ONG The Seals of Nam, uma foto de carcaças de focas de um lado, e a de uma pilha de hamburgueres do outro, aparecem junto à frase: “Escândalo da carne. Namíblia, o que você está comendo?”
De acordo com Pat Dickens, gerente da ONG, eles receberam a denúncia anônima de que está sendo servida carne de foca como se fosse carne bovina, na Namíbia, mas disse que isso ainda está sendo investigado e que não podem ser fornecidos maiores detalhes.
A Namíbia é conhecida por ser palco de um horrendo massacre de focas, há vários anos, conforme já publicado diversas vezes na ANDA.
“Nós já sabíamos de todos os fins que eram dados aos corpos das focas após a caça. Sabíamos que os genitais eram exportados, assim como a gordura e a pele, mas pouca informação tínhamos sobre o que acontecia com a carne”, disse Dickens ao The Namibian.
Segundo ele, a maioria das focas é infectada com lombrigas e tênias. Uma imagem chocante de uma criança com vermes saindo de seu nariz e boca também foi publicada no site, para destacar o possível perigo trazido pela ingestão de carne de foca.
“As focas são ‘colhidas’ (sic) em condições anti-higiênicas. O governo da Namíbia está consciente e deliberadamente envenenando o seu próprio povo?”, questiona Dickens.
Maria Immanuel, da divisão de comércio de carne da Namíbia, informa que é permitido o comércio de apenas quatro categorias de carne no país, que são as carnes bovina, de carneiro, de cabra e de porco. Produtos marinhos, como a carne de peixe, crustáceos e focas, são de responsabilidade do Ministério da Pesca e Recursos Marinhos.
“Mas nós não podemos comentar sobre essas alegações, uma vez que está fora do nosso papel”, declara Maria.
A secretária do Ministério de Pesca e Recursos Marinhos, Uitala Hiveluah, disse que isso é uma surpresa para ela, e que afirma desconhecer que haja consumo de carne de foca no mercado local.
Enquanto alguns ativistas defensores de focas da Namíbia tentam averiguar a veracidade da denúncia sobre o uso de carne de foca para alimentação humana no país, e as autoridades locais declaram não saber sobre o consumo, outros grupos vão além, vislumbrando uma possibilidade de comércio iminente.
Uma reportagem do Namibia Economist traz o título “A caça às focas poderia ser mais viável”.
Oswald Theart, porta-voz da Namibian Seal Conservation, disse ao Namibia Economist que o país “está ganhando muito pouco na caça anual às focas”, e que o governo e os empresários locais logo deverão vir com ideias para torná-la um negócio lucrativo para a indústria.
Ele conta que a carne de foca foi, por muitos anos, uma iguaria no Canadá e na Europa, e tem sido consumida em pequena escala na Namíbia. Na última temporada de caça, foram assassinadas 85 mil focas filhotes e 6 mil focas adultas. “Geralmente esta carne é usada para produzir alimentos para animais domésticos. Os ossos e a farinha da carne são utilizadas para adubos e rações. Mas estes produtos não geram muito lucro e a Namibian Seal Conservation acredita que deverá haver um maior retorno financeiro se essa carne for utilizada para alimentação humana”, acrescenta Theart.
De acordo com a reportagem, o massacre das focas acontece a céu aberto, e moscas pousam sobre seus corpos, depositando seus ovos. Além disso, os animais também têm os corpos contaminados com mercúrio e outros metais tóxicos e pesados, devido ao meio em que vivem.
Estranhamente, algumas ONGs de defesa às focas na Namíbia parecem estar direcionando a discussão do uso da carne das focas assassinadas para alimentação humana mais para a preocupação com a possibilidade de contaminação dos humanos que com a vida e os direitos dos animais em si.
É um discurso difícil de entender, e sugere falta de foco. O ponto mais grave de toda essa questão não é debater se a carne de foca tem condições sanitárias de entrar para o cardápio da Namíbia ou do restante do mundo, e sim as vidas de mais de 90 mil focas (a maioria filhotes) que são ceifadas brutalmente, a cada ano, naquele país.
fonte: anda
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