Por Natália Prieto (da Redação)
Os sapos são muito importantes para o meio ambiente e necessitam com urgência de uma cultura que os resgatem das agressões que sofrem por serem considerados “feios”.
Há espécies animais que parecem estar fadadas à rejeição. Geralmente, se tratam daquelas que possuem uma aparência muito diferente da nossa e as quais erroneamente são consideradas como feias.
Nos EUA e Inglaterra, os protetores de animais criaram uma palavra para definir a discriminação que o homem faz com diferentes espécies de animais: “specism”, o que em nosso idioma significa “especismo”.
O “especismo” é sem dúvida uma atitude discriminatória para com nossos irmãos do reino, pois o que é bonito ou feio aos nossos olhos, não tem o mesmo significado para eles. Um rato não considera feio outro rato, nem um sapo a outro sapo. Sem dúvida cada animal tem um valor natural e cada espécie um valor intrínseco.
Se o julgamento fosse tudo, a situação não seria tão grave, mas é muito comum que os animais considerados “feios” sejam hostilizados, perseguidos, prejudicados, dizimados e aniquilados, causando sofrimentos a eles e um dano muito grave à natureza.
Tal qual é o caso dos anfíbios, entre os quais se encontram animaizinhos tão conhecidos por nós como os sapos, seres muito importantes para o meio ambiente e que necessitam com urgência de uma cultura e uma educação que os resgate do perigo que padecem continuamente devido a falta de respeito e cuidado do ser humano.
É muito mais provável que se tenha piedade de um pobre cachorro que um grupo de meninos ataca com uma pedra do que por um sapo que se pretende esmagar com um bloco de concreto. É provável que o pobre cão receba uma ou duas pedradas até que alguém saia em sua defesa. Mas digamos que um anfíbio como o sapo dificilmente encontrará alguém que o defenda.
Isso representa um comportamento patológico das crianças ? Estamos assistindo a uma maior compreensão de certas espécies ou a uma falta de princípios éticos? Penso que há um pouco das duas coisas. É necessário que os educadores dediquem mais tempo para ampliar o horizonte dessas crianças e jovens a respeito do meio ambiente e a piedade por todas as formas de vida.
Felizmente há pessoas preocupadas com os anfíbios que caminham na direção correta, que além do interesse pessoal, têm feito observações e estudos que concentram-se em livros e guias muito úteis, especialmente para os jovens.
Carlos Fernández Balboa, da Fundação Vida Silvestre Argentina, é autor do “Guia para defender os Anfíbios” (editora Albatros), muito recomendado para aqueles que têm a intenção de deixar para trás essa mistura de sentimento de medo e rejeição.
Muitos anfíbios são desconhecidos pelas pessoas, que chamam simplesmente de rã ou sapo a quase todas as espécies, diz Fernández Balboa – que por meio de sua obra nos permite conhecer umas 4.510 espécies diferentes de anfíbios espalhadas em todo o mundo, que silenciosamente oferecem muitos benefícios ambientais. E olha que não me refiro somente às montanhas, florestas e zonas de lagos, mas a nossos modestos jardins e moradias, pois se alimentam de insetos que por vezes nos trazem certos problemas.
Os anfíbios são muito úteis para o equilíbrio ecológico e sem dúvida, conhecê-los mais profundamente, é o primeiro passo para fazermos justiça.
Não há seres lindos ou feios. Como fala Carlos Fernández Balboa, “só é preciso colocar os óculos do amor para apreciar as diferentes criaturas da Terra”.
Lembram-se daquela história que terminava dizendo: “…e então o horrível sapo tornou-se um belo príncipe” ? Bom, seria lindo imaginar um sapinho contando a sua prole a mesma história, mas refletindo graciosamente com sua visão a respeito de nós, ao dizer, “…e então, o horrível príncipe, tornou-se um belo sapo”.
É muito importante se aproximar da Natureza com respeito e simpatia. Os anfíbios são parte insubstituível na estrutura da natureza. Só temos que apreciar suas diferenças com interesse e grandeza, ampliando nossos horizontes com consideração por todos os seres e dando um verdadeiro significado para a palavra próximo, lembrando que nós seres humanos pertencemos ao mesmo reino que os demais animais.
* Texto original de Martha Gutiérrez, jornalista e presidente da ADDA – Associação de Defesa dos Direitos dos Animais – www.adda.org.ar
fonte: anda.jor
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