domingo, 18 de agosto de 2013

EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL

Quanto vale o seu shampoo?

18 de agosto de 2013 às 6:00

Por Helena Barradas Sá (da Redação)
“A grandeza e o progresso moral de uma nação podem ser julgados pela maneira como tratam seus animais.” – Mahatma Gandhi.
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Foto: Brian Gunn
Muitos dos cosméticos que fazem parte de nosso cotidiano foram testados em animais, que foram torturados com processos que não possuíam um controle adequado dos componentes químicos com os quais aqueles seres eram mantidos em contato.
Para testar a toxidade de um produto, coelhos foram submetidos ao contato com elementos químicos. Os efeitos colaterais de tal contato nunca são levados em conta. Mesmo com os testes em animais, menos de 20% dos compostos químicos que usamos diariamente foi analisado. A FDA (Administração Federal de Alimentos e Medicamentos) na Índia suspendeu a licença da Johnson & Johnson ao encontrar grandes quantidades de óxido de etileno nos simples talcos para bebês.
Quanto desse lixo estamos consumindo sem perceber?
Tudo começa com a produção de cosméticos (como os humanos não têm o mesmo contato com os produtos de limpeza, os testes em animais para esses produtos são menos frequentes). A cada dia, vemos novas fórmulas cheias de promessas: cabelo sedoso e brilhante, pele macia e saudável, e outras tantas milhares de promessas relacionadas à beleza. Por trás de tudo isso estão os animais que são torturados para que esses produtos cheguem às prateleiras.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
As multinacionais contratam laboratórios especializados onde são realizados todos os tipos de testes. Coelhos, ratos e porquinhos-da-índia são os mais utilizados por sua pele mais sensível e sua córnea muito mais delicada. Eles são obrigados a ficar em contato com os componentes químicos, os quais são administrados diretamente nos olhos, por inalação ou aplicação direta sobre a pele. O objetivo é verificar o grau de toxidade dos compostos e conhecer os danos que podem causar.
Os animais são presos com correntes para evitar que se lambam e, assim, se limpem. Quando os produtos são aplicados nos olhos dos animais, estes são impedidos de fechá-los para que não produzam lágrimas que “lavem” os olhos. As cordas vocais dos animais para testes são cortadas para evitar que produzam som, o qual seria insuportável tendo em vista o sofrimento. Para obter uma amostra representativa, o mesmo teste é repetido em vários animais. Os animais morrem pela intensa dor que lhes causam as feridas, desidratados pelo vômito intenso e afogados – e isso tudo sem poder externar a sua dor. Esse é o preço daquele maravilhoso shampoo que promete um cabelo sedoso.
Há diversos tipos de testes em animais. Um deles é o DL50 – Dose Letal 50 -, que consiste em aplicar uma generosa quantidade do composto químico que se deseja testar em pelo menos 200 animais, e ir aumentando a quantidade do produto até que 50% dos animais morra. Isso serve para determinar a letalidade do produto. Os animais que sobrevivem são sacrificados para que seja feita uma análise de seus tecidos internos, a fim de revisar a relação entre a quantidade do produto e a resistência e tolerância a ele.
Não é possível obter um resultado exato desses testes, porque os resultados podem variar de acordo com a raça, linhagem, idade e sexo do animal. Ainda assim, essa prática subsiste em países como China, Japão e Estados Unidos.
Este ano, a União Europeia proibiu a venda de cosméticos testados em animais. Essa proibição percorreu um caminho de 20 anos até que fosse aprovada. Atualmente, nenhum cosmético que tenha sido testado em animais pode ser vendido na União Europeia. Mesmo os produtos importados e vendidos lá devem comprovar que não realizaram esse tipo de testes durante a produção. No entanto, artigos relacionados à saúde (como remédios) estão isentos dessa proibição; portanto, basta apenas mudar o nome do produto para poder transgredir a lei.
As empresas que ainda fazem uso desses testes tentam justificar-se afirmando que seu objetivo é manter saudável o ser humano. Se realmente isso fosse verdade, o número que elementos cancerígenos seria menor e as pesquisas estariam centradas nos efeitos colaterais, não nas quantidades letais. Além disso, atualmente há outros testes alternativos disponíveis, realizados com células-tronco em laboratórios e que não comprometem a vida dos animais – mas seu custo é maior.
Muitos dos produtos que usamos – shampoo, sabonete, creme dental e mesmo produtos para o rosto – não passam por uma análise de toxidade adequada. Nos Estados Unidos, dos mais de 12 mil compostos químicos tóxicos, apenas oito foram suspendidos nos últimos dez anos. Mesmo assim, usamos esse lixo tóxico sem perguntar, mas ninguém se importa mesmo!
P&G, Unilever, Johnson & Johnson são algumas das empresas que testam seus produtos em animais. No entanto, há muitas outras empresas que encontraram métodos alternativos a essa prática. Victoria’s Secret, Zara e Lush, dentre outras empresas, têm lançado produtos sem testá-los em animais. Por acaso os indígenas precisavam testar os pigmentos naturais em outros animais antes de pintar seu próprio rosto? E nenhum deles morreu de câncer.
Não ignoramos que vivemos na era moderna e que o contexto é outro, mas é necessário evoluir também a mente e comprar de forma consciente. Não podemos exigir que a sociedade melhore e evolua se não agimos de acordo com o que pedimos. Não podemos defender os direitos humanos se apoiarmos as guerras, tampouco podemos dizer que amamos os animais se compramos produtos feitos com o sofrimento deles.
As compras que fazemos são semelhantes ao nosso voto. Se podemos escolher um político, podemos escolher também um produto que não seja feito com sofrimento animal. Precisamos pensar em como nos sentiríamos se nos tirassem a voz para que pudessem, tranquilamente, aplicar em nós produtos químicos que queimassem a nossa pele, irritassem nossos olhos e produzissem feridas profundas, que nos matariam lentamente. Morrendo de dor e sem poder gritar. E ainda dizem que as baratas e ratos é que são repugnantes. Repugnante é essa espécie que acaba com o planeta sem remorso algum.
Em dias como o de hoje, tenho vergonha de ser humana.
Mais informações sobre o assunto podem ser encontradas no site destas organizações:
Cruelty Free International http://www.crueltyfreeinternational.org/
*Baseado no texto original “Tu shampoo costo por lo menos 200 animales muertos”, de Steve Ramirez, publicado nesta semana no site “Kienyke”

fonte; anda.jor

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