terça-feira, 7 de agosto de 2012

Namíbia prossegue com massacre brutal de focas


Por Bethânia Maggi Balielo (da Redação – Suécia)



Foto: Reprodução/SVD Nyheter
O ativista Patrick Dickens acaba de ser expulso da Namíbia, por escrito, rotulado como uma ameaça à segurança nacional. Ele foi preso na fronteira e o seu carro revistado. Depois do interrogatório, Dickens foi expulso definitivamente. As informações são do Jornal SVD Nyheter.
- Eu peso 54 kg e dirijo um velho Fiat Uno. Como posso ameaçar toda a segurança da Namíbia? – pergunta ele, mostrando documentos que confirmam que ele pode ser condenado a cinco anos de prisão se ele colocar os pés no país novamente.
- Pedi para falar com o responsável na fronteira e ele explicou que estava agindo sob ordens superiores, vindas do governo.
Patrick Dickens vinha protestando contra o fato de a Namíbia ter dado licença de caça de 80 mil filhotes de focas a marretadas e 6.000 adultas a tiros. O período de caça começou em julho e continua até novembro.
Os filhotes são mortos a pauladas porque tiros causam buracos na pele, rasgando-a quando curtida e processada.
Patrick Dickens lidera a organização sul-africana Seals of Nam e estava indo armar a sua tenda no acampamento ao lado da maior colônia de focas em Cape Cross para fotografar as alterações ocorridas nas colônias durante o período de caça.
Tirar fotos dos filhotes, no entanto, é quase impossível. Soldados do Exército patrulham, tanto na terra quanto em barcos, ao longo dos três locais de abate em Cabo Cruz, Wolf Bay e Atlas Bay para evitar qualquer registro. A Namíbia teme que a caça traga conseqüências negativas para o turismo local.
O safari em parques nacionais e reservas privadas é uma das mais importantes fontes de renda turística do país.
A colônia de focas em Cape Cross também é uma forte atração turística quando fora da época de caça.
-Trabalhamos em prol do boicote na Namíbia, em termos de turismo, esporte e comércio. Não é algo que fazemos de coração, mas é o que nos resta fazer, depois de termos repetidamente tentado argumentar com as autoridades e sermos ignorados, disse Patrick Dickens.
O Provedor de Justiça da Namíbia, John Walters, participou no ano passado de um encontro com organizações que protestavam contra o massacre. O encontro levou a um relatório lançado em junho. Todavia, o documento não resultou em alguma proposta de mudança.
Anteriormente, o Canadá era o país que abatia o maior número de filhotes de focas, mas no ano passado 38.000 focas foram abatidas no Canadá contra 42.000 na Namíbia. É algo difícil atingir o limite da quota permitida.
O ministro da Pesca na Namíbia Bernard Esaú diz que as focas consumem 700.000 toneladas de peixe por ano e que a caça protege a indústria pesqueira, especialmente da pescada.
A União Européia proibiu todas as importações de produtos derivados de foca, mas parte das suas importações de pescada ainda são provenientes da Namíbia.
- Pretendemos continuar com o mesmo espírito de gestão responsável dos nossos recursos marinhos, diz o Ministro das Pescas Esaú, que este ano aumentou o número de licenças de caça às focas de quatro para seis.
Ele diz que está aberto ao diálogo com organizações de defesa animal e ambiental:
- Mas que eles não venham apenas com críticas, mas com soluções.
A Namíbia vende as peles para a Turquia e pênis de foca seco para a China, onde consideram o mesmo estimulante sexual. Parte dos ossos são transformados em farinha, mas a maioria dos cadáveres são enterrados no deserto.
Patrick Dickens não acredita que as focas estejam destruindo a pesca.
- O Governo aumenta as quotas de pesca o tempo todo. Então, quando a pesca diminui ele botam a culpa nas focas. É mais provável que isso venha ocorrendo devido ao aquecimento global e sobrepesca. Os peixes procuram águas mais profundas e mais frias longe da costa.
- Outro argumento usado é que a caça também cria empregos. O argumento é estranho. Oficialmente, há 81 empregados na indústria da caça de focas. Estimamos que, na realidade, apenas cerca de 30 pessoas conseguiram emprego.
- O lucro máximo que a Namíbia arrecada com o abate das focas é de 4,5 milhões de coroas suecas (cerca de 1 milhão e 300 mil reais). Em média, segundo dados do governo, arrecadam-se 1,5 milhões de coroas (cerca de 450 mil reais) do couro, óleo omega-3 e pênis secos.
A caça mudou completamente o comportamento e propagação das focas.
- A ilha Mercúrio no sul da Namíbia era a colônia setentrional natural. Devido à caça, os animais estão indo cada vez mais para o norte, até Angola, explica Patrick Dickens.
- As focas movem-se muito rapidamente em terra e tentam fugir ao ver os caçadores com os bastões. Uma paulada não é suficiente. Há provas registradas em vídeo de que os filhotes levam diversas pauladas e são cortados enquanto ainda vivos. Uma vez que as espécies vivem em colônias de milhares de animais, a caça afeta toda a população de focas. Gera-se pânico constante ao longo dos cinco meses de caça e muitas fêmeas chegam a abortar tamanho o terror sentido.
O principal comprador da pele de foca é o cônsul honorário da Namíbia na Turquia, o turco-australiano Hatem Yavuz. Sua fábrica de peles, em Istambul, compra anualmente 130.000 peles provenientes da Namíbia, Groenlândia e Canadá.
-Yavuz paga cerca de 3 reais a peça. São necessárias oito peças para se fazer um casaco de pele, que depois é vendido por um preço equivalente a 50.000 reais. O dinheiro nem mesmo vai para a Namíbia, diz Patrick Dickens.
fonte: anda

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