É comum ouvirmos daqueles que buscam justificar a exploração dos animais não-humanos, a seguinte frase: “O ser humano está no topo da cadeia alimentar!”
Mas afinal, como se estabelece a colocação de uma determinada espécie na cadeia alimentar? De fato, ecologistas utilizam um cálculo estatístico denominado “nível trófico”, o qual – surpreendentemente – jamais havia sido empregado nos humanos. Até agora.
Um grupo de pesquisadores franceses decidiu utilizar dados das Nações Unidas sobre alimentação e agropecuária, de 176 países, abrangendo o período de 1961 a 2009, para calcular, pela primeira vez, o nível trófico humano. Suas descobertas, publicadas em 2013 naProceedings of the Natural Academy of Sciences [1], podem ser um balde de água fria para aqueles que esbravejam ocuparem o topo da cadeia alimentar.
Numa escala de 1 a 5, com o 1 representando a pontuação de um produtor primário (plantas), e o 5 representando um predador de topo de cadeia (um animal que se alimente apenas de carne e que tenha poucos ou nenhum predador, como o crocodilo ou o tigre), descobriu-se que os seres humanos alcançam um modesto 2,21, nos colocando em pé de igualdade com os porcos e as anchovas.
Mas mesmo que deixemos o preciosismo dessa pesquisa científica de lado, esse argumento, batido à exaustão por carnistas, é enviesado, na medida em que não costumamos invocar os animais como modelo moral para o nosso próprio comportamento. Que estuprador levantaria em um tribunal, a defesa de que matou o marido e todas as crianças de uma mulher, com o único intuito de acasalar com ela? (Leões fazem isso).
Além disso, uma vez que não temos absolutamente nenhuma necessidade de carne (pelo contrário, acumulam-se pesquisas ligando o elevado consumo de carne no ocidente com cânceres e doenças cardiovasculares) [2], há um enorme abismo moral entre matar por sobrevivência (voltemos aos leões), e matar pelo simples prazer do paladar, fato que piora ainda mais se colocarmos na balança as consequências desastrosas da pecuária para o meio ambiente.
Por fim, não custa lembrar que “cadeia alimentar”, seja qual for o contexto, é um termo que evoca equilíbrio e sustentabilidade. Nesse sentido, qual o papel do ser humano? Afinal, que cadeia é essa que ele ocupa? Num outro estudo recente [3], apontado como o mais detalhado já feito sobre a interferência humana na biodiversidade, constatou-se que o ritmo no qual testemunhamos espécies de plantas e animais se extinguindo hoje é 1.000 vezes mais rápido do que aquele que ocorre normalmente ao longo dos milênios. De fato, muitos geólogos concordam que o estrago humano no planeta tem sido tão sério e irreversível, que já podemos nos considerar em uma nova era geológica: o antropoceno.
Um dos responsáveis pela pesquisa, o ecólogo Clinton Jenkins, chega a afirmar:
“Os humanos são o equivalente ao asteroide que colidiu com a Terra. Estamos causando extinções um pouco mais devagar que o asteroide, mas não muito.”
Para efeito de comparação e contraste com o que temos feito nesse planeta, finalizo o artigo com um belíssimo vídeo, que mostra o importante papel desempenhado no equilíbrio de um ecossistema, por um predador de topo de cadeia alimentar (de verdade):
Pedro Abreu trabalha como colaborador do Blog O Holocausto Animal, é ativista dos direitos animais, e vegano.
Referências
fonte:http://oholocaustoanimal.wordpress.com/2014/07/14/desmontando-o-mito-o-ser-humano-esta-no-topo-da-cadeia-alimentar/
Nenhum comentário:
Postar um comentário
verdade na expressão