segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O ensino precisa estar livre de qualquer crueldade

Por Ligia Cunha (da Redação)
Patos em seu habitat natural, o melhor exemplo para as crianças (Foto: Divulgação)
Patos em seu habitat natural, o melhor exemplo para as crianças (Foto: Divulgação)
Ensinar as crianças a serem éticas, é, sobretudo, incutir-lhes o respeito pelos demais seres. Assim, é inconveniente utilizar espécies vivas nas aulas, evitando submete-las a situações de sofrimento. As informações são do Clarín.
Os jardins de infância e escolas primárias devem ser ambientes onde se inicie a criança a um caminho de solidariedade que promova um mundo melhor para todos os seres desde sua entrada na sociedade, incluindo especialmente o interesse e a empatia com as espécies não humanas, já que esta iniciação na área educativa e de relações sociais da criança é fundamental para o entendimento e conexão respeitosa também com os animais não humanos.
Uma criança que é piedosa e que dirige essa piedade para além de nossa própria espécie, dificilmente será um adulto mau, já que se abre a um mundo menos egoísta e mais empático.
Não são comuns no nível educacional primário os programas de educação zoológica e menos ainda os planos de educação humanitária para a proteção dos animais.
A associação argentina ADDA (Associação para Defesa dos Direitos do Animal), iniciou sua luta para retirar a vivissecção e dissecação de animais nos níveis primários e secundários de ensino. “Nos entristecia ao extremo saber que feiras de ciências em escolas primárias mostravam ratos, pombas e outros espécimes abertos, sustentados por alfinetes sobre um placa, com o fim de instruir sobre o aparelho digestivo, reprodutivo, etc. E nem falamos nos níveis secundários, onde os alunos tem que levar seus próprios animais para abrir em aula” , diz Martha Gutiérrez, presidente da Associação.
Após diferentes manifestações em frente ao Ministério da Educação da Argentina, obtiveram a primeira vitória em 1986, com a Resolução 1299 deste ministério, que aprovou o projeto da entidade para abolir as mencionadas práticas. A prefeitura de Buenos Aires não ficou atrás e logo reconheceu a iniciativa aderindo à medida sancionada.
Para garantir esta temática, a ADDA continua com o trabalho para ganhar outras áreas de proteção aos animais de todas as espécies, mesmo com a vinda de administrações governamentais que não dão muita importância a estes temas educativos.
A Associação segue divulgando o assunto e, mesmo quando algum professor inclui espontaneamente o tema em uma aula, está sujeito a cometer erros, apesar de sua boa intenção, pois não recebe a formação específica no campo de proteção animal. Um erro comum é que levem à escola animais sem um planejamento de manuseio de acordo com as necessidades da espécie, que, nas mãos das crianças, podem receber um tratamento perigoso.
Por exemplo, quando as crianças brigam para segurar um coelhinho, não é conveniente solucionar a questão dizendo “Primeiro o João, que pegou primeiro, depois Diego que também quer pegar”. Por favor! Esse ser indefeso merece que nenhum dos dois o segure. A melhor das hipóteses é que ambos o contemplem juntos, em seu habitat natural, o qual o animalzinho pertence. Outro erro comum é fazer com que algum animal como coelho, ave, peixe ou qualquer outro animal, se transforme em um hóspede na casa de diferentes alunos, onde cada ambiente será diferente e o animal não terá tempo de adaptação em nenhum deles.
Os conhecimentos adquiridos pelas crianças desta forma, apenas servirão para desvalorizar a necessidade de um ambiente permanente para o animal, que é o que necessita, um ambiente que seja relacionado com suas necessidades específicas. Com este método de ensino, as crianças também deixam de aprender que é necessário um tratamento específico para cada tipo de animal. Ignorar este fato é ignorar o estresse que o novo ambiente gera ao animalzinho visitante. Se as pessoas pudessem medir o tamanho do temor que um animal da fauna silvestre, de fazenda ou mesmo de companhia sofre quando é inserido em um lugar cercado por humanos, mesmo sendo tratado com gentileza, a maioria se absteria de manuseá-lo e o deixaria em paz , no lugar ao qual pertence.
Essas práticas não tem nada a ver com ensinar consideração e piedade para com as outras espécies, mas servem para instruir sobre o poder do ser humano sobre os demais animais de seu mesmo reino. Nada é mais profundo e fundamental do que entender as demais espécies animais, do que observá-las em seu habitat. Ensinar a criança a ser bondosa com os animais não humanos pode fazer muito bem durante os primeiros anos, mas mostrando-lhe seus hábitos naturais em passeios organizados à parques ou fazendas onde são naturalmente respeitados.
Nem mesmo uma minhoca deveria ser retirada de seu lugar na terra para ser levada a uma aula, por tudo que foi exposto e porque, além de tudo isso, geralmente são esquecidas e terminam no fundo dos frascos de vidro como se fossem insetos secos.
Isso é um péssimo exemplo para as crianças, porque esta minhoca era um ser vivo com um valor intrínseco respeitável em seu pequeno mundo, na terra de onde foi tirada para ensinar às crianças coisas que elas também podem ver em um livro ou em fotos na lousa. Aliás, existem vídeos fantasticamente reais na internet e em canais a cabo.
É absolutamente necessária a formação de professores nesta área da educação, já que se trata de conceitos simples e básicos que geralmente são confundidos e se convertem em variantes da crueldade.
As crianças, com suas mentes abertas, são a esperança de um planeta em perigo, que poderemos salvar mediante o exercício de uma conduta respeitosa, especialmente a tudo que possa padecer.
O projeto de um mundo ético está na mão das crianças, apenas temos que colocar coisas tão simples a serviço de seu entendimento, como bases morais e éticas, e deixar que planejem um futuro bondoso. Se pudéssemos entender que a luta pela paz mundial começa nas escolas, começaríamos a tralhar por ela com as crianças agora mesmo.
fonte:anda.jor

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