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sábado, 21 de julho de 2012

Funcionária pública recolhe animais da rua


Ana Paula Yabiku Gonçalves
Há cerca de cinco anos, quando uma gata escolheu sua casa para esconder os filhotes, a funcionária pública estadual Liliam Faco Fernandes decidiu acolher animais abandonados pelas ruas e à procura de um lar. "Eu não planejo encontrar animais abandonados pelo caminho, são ocasiões esporádicas e imprevisíveis. Acredito que, às vezes, a vida nos testa colocando-nos frente a estes desafios para que aprendamos a dar valor à vida e conhecer melhor as pessoas que nos rodeiam", explica.
O desespero da mamãe gata, que sobrevivia à base de lixo e fugas para alimentar os quatro filhotes, abriu os olhos de Liliam sobre o quanto ficam desamparados os animais abandonados. Desde então, a funcionária pública já recolheu 16 animais: Branca, Preta, Hugo Chaves, Princesa, Raposa, Indiana, Lady Kate, Perdicão, Branquinha, Nenê, Mãezinha (e seus três filhotes), além de outros dois gatos que acabaram morrendo durante a recuperação. Destes, oito animais já foram recebidos por novas famílias, enquanto a própria Liliam adotou o restante.
Após recolhê-los, a sorocabana cuida da saúde dos animais e, em seguida, divulga cartazes pela cidade e faz contato com conhecidos para encontrar alguém que possa adotá-los. "Sempre dá certo pois existem muitas pessoas de bom coração e discernimento que faço questão de conhecer antes de apresentar o bichinho", conta. 
Quando o animal é encontrado desnutrido, com vermes e pulgas, uma primeira consulta ao veterinário e os remédios básicos custam cerca de R$ 100 para Liliam. Caso também estejam doentes, machucados ou acidentados, os antibióticos e exames diagnósticos podem ultrapassar o valor. Alguns casos são, inclusive, considerados emergentes. Já a castração, em conjunto com as medicações, custa a partir de R$ 80. "Pode parecer muito, às vezes faz falta, mas vale cada centavo. Ver um animal recuperado de um estado deplorável nos felizes braços da família adotante não tem preço", admite a funcionária pública.
Para pagar as contas dos veterinários e os remédios, Liliam faz a famosa "vaquinha" entre os amigos e pede descontos. Já chegou, inclusive, a promover rifas para levantar o dinheiro necessário para as castrações. Além disso, ela recebe apoio das famílias que abrigam os bichinhos, dos estabelecimentos que dão lugar aos cartazes, de amigos que fazem a divulgação e da Fundação Alexandra Schlumberger (Fas), que cobra um preço simbólico pelas consultas veterinárias. Os familiares de Liliam ainda oferecem apoio moral, ajudam a medicá-los e a divulgar. Alguns também já adotaram animais abandonados. "Já fui chamada de louca por recolhê-los, mas não seriam mais loucas ainda as pessoas omissas?", questiona. 
Valores e obrigações
Além da obrigação moral, estamos todos sujeitos ao cumprimento das leis relacionadas aos Direitos dos Animais. Todos eles, diz a Constituição, têm o direito de serem protegidos pelo homem e a coletividade tem o dever de preservar a vida. "É dever de cada pessoa evitar que aconteçam prejuízos aos animais. Nós somos, inclusive, agentes fiscalizadores", completa Liliam. Apesar de ser um trabalho longo e árduo, ela sabe que vai chegar o dia em que estará fazendo ainda mais pelos animais e ajudando as pessoas a agir em benefício deles. 

Ao resgatar os bichinhos, Liliam descobriu o valor de quem nos cerca. "O sentimento do dever cumprido e da verdadeira paz nos tomam nestes momentos. Entender o mundo na perspectiva do animal nos faz ver coisas essenciais que antes eram invisíveis aos olhos", finaliza. (supervisão: Estela Casagrande) 
fonte:cruzeirodosul

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